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Educação: a história vai nos cobrar bem caro pelo abandono

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É assustadora, mas não surpreende o resultado da última pesquisa apresentada pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes(Pisa), de que quase ametade dos estudantes brasileiros(44,1%) está abaixo do nível considerado adequado de aprendizagem, conforme noticiou o JB.

Tenho ressaltado a perversidade do Estado brasileiro em relação à sua própria população, ou melhor, contra a sua população mais vulnerabilizada. Há um grande abismo que parece ampliar-se cada vez mais entre a juventude (a parcela dos estudantes pesquisados está no ensino médio) e a possibilidade de avanços e de uma real mobilidade social.

A mesma pesquisa dá conta de que os estudantes de nível socioeconômico mais alto, tendem a se sair melhor e obter melhores resultados. Aí está a grande questão, não há como defender o mérito, onde as oportunidades não são iguais, onde não se possibilita que todos e todas possam de alguma maneira, buscar melhores condições, em níveis pelo menos mais similares de condições.

Estamos diante de uma tragédia, que certamente irá tomar proporções colossais, dada as mudanças propostas e a atual situação. Como escolher o caminho a seguir se não se sabe nem interpretar satisfatoriamente um simples texto?

Pior do que não garantir a educação de maneira plena e eficaz, é criar todas as condições para que ela não seja de fato, e que a culpa pelo fracasso escolar seja imputado aos próprios alunos, professores e aos pais.

Só me pego pensando cada vez mais onde tudo isso vai nos levar e o que faremos daqui a alguns anos, quando olharmos para trás e vermos que não impedimos essa catástrofe. Certamente, a história vai nos cobrar bem caro por isso.

*Colunista, Consultora na ONG Asplande, Pesquisadora e Membro da Rede de Instituições do Borel