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Morre polícia, morre bandido e a guerra na favela não tem fim

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A guerra as drogas patrocinada pelo governo do estado parece não ter fim. As favelas cariocas e fluminenses sofrem cotidianamente com a politica avassaladora da secretaria de segurança. O combustível é o ódio e a vingança. Em favor de que? Qual sua finalidade e seus objetivos?

A criminalização da pobreza é um dos pontos principais para a politica higienista implementada no Brasil desde os tempos das remoções dos cortiços no inicio do século XX. Atrelada a essa lógica, o crime de vadiagem e a proibição da capoeira, fizeram ecoar uma perspectiva opressora na cidade. Ao longo dos anos vimos as remoções das favelas perpetuarem essa logica segregacionista que tem caráter social e me permito a dizer que também racial, haja vista que majoritariamente a população favelada é preta.

Somado aos fatores habitacionais, as politicas segregacionistas também se utilizam dos baixos cargos no mercado de trabalho, ocupado pelos moradores de favelas, para caracterizar que o favelado é um individuo sem importância na sociedade. Todo favelado já passou por constrangimentos por falar do lugar que mora ou até mesmo citar que sua casa é na favela. Além disso, a precarização da educação e da cultura nas áreas periféricas é uma chaga incurável na vida do povo pobre.

O abandono das políticas públicas de saneamento básico, de acesso a água e luz, de mobilidade urbana, e tantas outras que nos é negada, permitem com que percebamos que não é interesse de ninguém investir na favela, exceto no período eleitoral.

Vemos que a mesma polícia que entra na favela pra matar a juventude negra mata o sem terra,espanca o professor, agride estudante e operários que lutam para garantir seus direitos básicos, previstos na constituição brasileira. O algoz Policial é encarado como inimigo de classe e não vitima de um sistema. Ele também é refém de um Estado falido que não garante condições humanas de sobrevivência e exercício da função do servidor policial.

A criminalização das drogas e do usuário é a desculpa para a guerra implementada. Porém, sabemos que junto ao extermínio do povo preto e pobre, garantido por lei com a atuação das policias, é endossada a tentativa de retroceder no âmbito das politicas publicas que garantem a dignidade humana dos mais excluídos. Vimos no ultimo período a tentativa de aprovação da redução da maioridade penal, a tentativa de terceirização do sistema penitenciário, a consolidação genocídio da população negra que está em curso e tantos outros impactos na nossa vida.

Nos resta a luta. A nossa vida não é numero para engrossar as estatísticas, nossos corpos não são mercadoria e muito menos massa de manobra. Se pensam que o favelado é burro estão equivocados. A revolução será preta e favela. Aguardemos as cenas do próximo capítulo. Vamos derrubar a casa grande.

* Walmyr Junior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor, membro do MNU e do Coletivo Enegrecer. Atua como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ