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As perspectivas da favela em 2017

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Reta final de 2016 e a esperança de um ano diferente, melhor, menos sofrido. Nas favelas do Rio de Janeiro, se repete em muitos pontos a humilhante falta de água e a certeza de que tão cedo não veremos a tão sonhada conclusão das obras de infraestrutura que poriam fim à esse tormento e muitos outros.

No Alemão, segue parado o tão alardeado teleférico. A questão mais angustiante para quem vive nas favelas do Rio de Janeiro, em moradias em risco e com situações que não deveriam mais existir, é que pior do que a qualidade de algumas intervenções, é não tê-las concluídas.

A provisoriedade, a descontinuidade das ações e intervenções direcionadas à estas áreas, já se tornaram ações crônicas e viciadas por parte do poder público.

Muito se fala em levar cidadania às favelas, mas não há contingente populacional que mais faz exercício de cidadania do que os que vivem nas favelas. Quase que condição sine qua non a viver na favela é lutar por algo nela ou para ela.

Já se nasce lutando, pelo direito á vida, á saúde, pela água, pela moradia, pela creche, pela área de convivência. É um estado permanente de luta. Que 2017 traga novos ventos, que se pense menos em assistencialismo e mais em ações que de fato dignifiquem quem vive nestas áreas.

Que venha o novo ano, que venham os desafios, mas que venham também o bom senso e a capacidade de dialogar com os moradores e moradoras, com os coletivos diversos que constroem propostas e apontam soluções interessantes, e possibilitar que haja de fato uma garantia e promoção de cidadania.

*Consultora na Ong Asplande, Colunista, pesquisadora e Membro da Rede de Instituições do Borel