Não há como não se emocionar e não se revoltar com a morte das vítimas da violência no Rio de Janeiro nos últimos dias. Quantas vidas e sonhos tirados pela decisão de se apertar o gatilho de uma arma. Nos últimos casos, três meninas, com toda uma vida pela frente. Vidas interrompidas pela violência que recrudesce na cidade.
A primeira, a menina Thifany Nascimento de Almeida, de 11 anos, sequestrada e morta na comunidade do Amarelinho, em Irajá, quando brincava em uma pracinha. O corpo da criança foi encontrado em um lixão. O sequestrador, Sandro Luiz Alves Portilho, foi preso e já respondia por outros crimes. Era foragido do sistema presidiário.
A segunda, Thayssa da Silva Matos, uma jovem estudante, 16 anos, foi atingida em um confronto de policiais e traficantes no morro dos Prazeres, quando visitava a avó no último dia 17. Essa comunidade tem um histórico de confrontos e violência. O local conta com uma Unidade de Polícia Pacificadora desde 2011.
A terceira é a pequena Sofia de apenas dois anos e sete meses. A criança brincava em uma lanchonete em Irajá, quando policiais e bandidos trocaram tiros e ela foi atingida. Sofia Lara Braga não resistiu.
Todos esses casos e todos tantos outros revelados ou ocultos, que nos entristecem ao ler os noticiários nos convida a refletir sobre a vida. O que estão fazendo com nossas crianças no Rio de Janeiro?
Que Deus conforte o coração destas famílias e receba com muita luz essas três meninas.
* Davison Coutinho, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestre em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade