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A violência contra mulher no carnaval

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“Uma mulher foi agredida a cada quatro minutos durante o Carnaval”.

Com essa triste notícia, voltamos de uma semana que deveria ser de festa e diversão, na comemoração de uma festa popular e tradicional, o carnaval.  Segundo a Polícia Militar, foram 2.154 chamadas para atender ocorrências de violência contra mulher em apenas cinco dias no Rio de Janeiro, ou seja, a cada quatro minutos, uma mulher foi agredida.

A festa que remonta à antiguidade é conhecida pela liberdade e pela inversão de papeis. No Brasil, além de sua importância cultural e econômica, o carnaval também teve sua importância para manifestar por meio de fantasias e personagens as desigualdades sociais, a situação política e principalmente a corrupção. No entanto, no Rio de Janeiro muitos que se consideram “homens”, aproveitaram a oportunidade da máscara para revelar o que fato eles escondem: o machismo, a violência e o desrespeito. 

Os “homens” que não aprenderam a ouvir o “não”.  Estes que assediam as mulheres e as tratam como propriedade, indivíduos que não merecem ser chamados de homens, mas de criminosos e que devem ser punidos. E este crime não se limita apenas à violência física, mas às diversas outras formas de desrespeito e humilhação à mulher. O que coloca o Brasil no 5º lugar no ranking de países nesse tipo de crime. 

Na favela ou no asfalto, este crime ainda ocupa muitos lugares e famílias. Muitos filhos são criados assistindo ao sofrimento da mãe, apanhando ou sendo humilhada por indivíduos. Muitos meninos ainda são criados para compreender a mulher como alguém que deve lhe ser submissa, lhe servir. Este tipo de cultura de violência deve ser tratado na criação para que os meninos se tornem adultos conscientes do respeito à igualdade de gênero. 

Este crime deve acabar, e para isso deve ser cada vez mais denunciado. Imaginem quantas mulheres não sofreram neste carnaval, mas por medo ou vergonha, não denunciaram. É preciso mais medidas preventivas e inclusive punições mais rigorosas contra os agressores que muitas vezes pagam seu machismo com penas como cesta básica. O que é uma vergonha. 

Pelo respeito à mulher, ao ser humano. 

Pela punição mais rígida aos agressores. 

* Davison Coutinho, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestre em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade