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O ataque à população das favelas do Rio e a empatia

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A população das favelas do Rio de Janeiro está sob ataque. Não que haja novidade nessa declaração, infelizmente não há. Mas a última semana nos fez ficar ainda mais alerta.

No ano passado, 111 tiros em um carro com cinco jovens negros, não tiveram potencial para mobilizar a sociedade. Uma tristeza e uma fotografia do que produz o racismo institucional.

A morte de Maria Eduarda, o depoimento de adolescentes da escola, que testemunharam policiais do mesmo batalhão do caso dos jovens de Costa Barros mencionados aqui, efetuando vários disparos, que a perícia constatou terem sido cerca de 22 tiros, na direção de uma escola em plena atividade, é a mais aberrante das situações.

É desalentador saber que esta sociedade ou pelo menos uma parte considerável dela, é completamente refratária à qualquer tipo de apoio ou empatia, é, alguém bem perto de nós, como a senhora da classe média tijucano que dizia ter sido algum namoradinha aborrecido da menina, que por raiva ou ciúmes, lhe havia tirado a vida; e agora, atribuíam-se aos policiais os projéteis que lhe perfuraram o corpo adolescente.

Pronto, está dada a resolução e o motivo do crime. As meninas de 13 anos que vivem nas áreas pobres e populares, que certamente é onde vive a pessoa que trabalha em sua residência ou no prédio onde reside, são certamente envolvidas com rapazes que utilizam fuzis para resolver questões sentimentais.

Infeliz sociedade que se reduz a isso, está em passos largos para um caminho perigoso de autodestruição. Não conseguir estar no lugar do outro, não encontrar no outro ou na outra, você mesma(o), é de uma periculosidade extrema.

É não entender mesmo que não existe outro(a), existe você. E se você permite que o outro(a) sofra sem nada fazer à respeito, inevitavelmente você destrói-se um pouco toda vez.

É necessário frisar que "Toda vida importa; e que não devemos aceitar nenhuma vida a menos".

* Colunista, Consultora na ONG Asplande e Membro da Rede de Instituições do Borel