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Joana de Barro: banda carioca lança EP

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A cena independente carioca não para de revelar novos nomes. Entre eles, está a banda Joana de Barro, que une influências que vão do Clube da Esquina ao funk, do hardcore ao afroreggae. A sonoridade do grupo obedece à fluidez do tempo em que vivemos. Toda essa liberdade musical se torna pública com o EP “Mió”, já disponibilizado nas principais plataformas de streaming. Com inspiração na poesia pós-moderna de Manoel de Barros, os rapazes suburbanos de Campo Grande mostram que a Zona Oeste é um campo fértil.

A poesia livre é a base das composições da banda, que são apresentadas ao público nas cinco faixas do EP de estreia “Mió” de forma harmônica e lírica. É na mistura de densidade e variedade rítmica que se encontra a influência de Manoel de Barros: sem seguir fórmulas fixas, os integrantes preocupam-se em integrar novidades nas composições, tentando gravar em cada uma a forma mais refinada para transmitir a mensagem de Bruno Barbosa (violão), Gênesis Chagas (bateria e voz), Lucas Barata Machado (contrabaixo), Marcelo Morgado (voz) e Rogério Costa Jr. (guitarra e sintetizador).

Com participação de Caio Otero (conhecido por seu trabalho nas bandas Colombia Coffee e A Página do Relâmpago Elétrico), e de Damina Sadili nos backing vocals, as cinco faixas do trabalho refletem o percurso realizado pelo grupo, em ?uma síntese deste longo período embrionário. O vocalista Marcelo Morgado define as canções como "um relato racional do lúdico nostálgico das serras e dos vales dos comprimentos dos morros e quintais de subúrbio, saudade de vó e amor de amigo".

Em “Lona e Balão”, o compasso arrastado repleto de viradas na bateria se reúne com à letra soturna e reflexiva. Em “Iluminar”, como não poderia deixar de ser, a esperança surge no eu lírico que renova as expectativas para o futuro, reunindo diversas influências do rock experimental. A balada “Ibicuí” traz um solo de guitarra quase ‘Claptoniano’, que contrasta com a levada das outras faixas do trabalho. “Catiara”, penúltima música do EP, traz uma áurea circense, poética que usa palavras como alegorias para a melodia gentil que se apresenta no picadeiro. A última, “Tudo ou Nada”, é dançante e influenciada pelo afrobeat, encerrando a obra ao provar que Joana de Barro é uma banda que não teme ousar: transita por diversos estilos e mostra que, como diz a música, “às vezes é preciso mergulhar”.

O "Mió" vem como uma brisa fresca em uma tarde de verão na capital fluminense. Pela facilidade em transitar pela música popular, rock e jazz, a sonoridade da Joana de Barro é uma válvula de escape.