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Livro da feminista Michelle Perrot, 'Os Excluídos da História' ganha nova edição

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Da militância no Partido Comunista francês no auge da Guerra Fria aos protestos do maio de 68 e ao encontro acadêmico com Michel Foucault, a historiadora Michelle Perrot foi moldando a sua trajetória acadêmica baseada no interesse em três sujeitos da História: as mulheres, os operários e os prisioneiros. Publicou ensaios e artigos em revistas, periódicos e coletâneas de livros, dos quais saíram os 11 textos que integram Os excluídos da história, em nova edição publicada neste mês pela Paz & Terra.

O livro analisa esses três grupos sociais periféricos na França do século XIX. Leitura essencial, ilumina não apenas a maneira como o poder se desdobra de modo pragmático e simbólico, mas também a beleza da resistência e da rebeldia de indivíduos e grupos marginais. Os artigos foram selecionados pela professora Maria Stella Martins Bresciani, que também assina a introdução e a orelha.

Segundo Maria Stella, Michele Perrot “abriu a primeira brecha no exclusivismo masculino ao ser aceita (com alguma reserva) como assistente na universidade e inaugurou um campo de trabalho historiográfico tendo por objeto personagens até então desprezados”. Para a historiadora, a linguagem direta e clara de Michelle proporciona aos estudiosos lições de pesquisa rigorosa e elegantemente apresentadas.

Há alguns anos fora das livrarias, Os excluídos da história volta num momento em que as discussões sobre o feminismo, a crise carcerária e as ameaças aos direitos conquistados dos trabalhadores estão em pauta no Brasil e no mundo.

Michele Perrot (Paris, 1928) é historiadora e feminista. Professora emérita na Université Paris VII, recebeu, entre outros prêmios, a Légion d’Honneur, mais alta honraria francesa, e o Prix Femina Essai 2009. Pela Paz e Terra, publicou História dos quartos.

Trecho do livro:

“As mulheres não são passivas nem submissas. Elas estão presentes aqui e além. Elas são diferentes. Elas se afirmam por outras palavras, outros gestos. Na cidade, na própria fábrica, elas têm outras práticas cotidianas, formas concretas de resistência – à hierarquia, à disciplina – que derrotam a racionalidade do poder, enxertadas sobre seu uso próprio do tempo e do espaço. Elas traçam um caminho que é preciso reencontrar. Uma história outra. Uma outra história."