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CNC prevê pior crescimento do comércio em 10 anos 

Desempenho no 2° semestre foi melhor, mas não suficiente para acompanhar crescimentos anteriores

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As vendas no comércio varejista cresceram 5,3% em outubro, em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada nesta quinta-feira (12/12) pelo IBGE. A Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta um crescimento de 4,5% no volume das vendas deste ano, em relação a 2013, o menor nos últimos dez anos, que vinham registrando acréscimos entre 7% e 8%. 

Para o economista da CNC, Fabio Bentes, são muitos os fatores que contribuem para este resultado, mas pode-se destacar a alta inflação e preços no atacado, além da desaceleração do mercado de trabalho, que, na comparação anual, registrou alta de 1,4% - metade da taxa de setembro e a mais baixa em dois anos. 

Os ramos do varejo que tiveram as maiores altas em outubro, em comparação com o mesmo mês do ano passado, foram os de artigos de uso pessoal e doméstico (+11,9%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (+11,4%). Já as vendas de livros, jornais, revistas e papelaria apresentaram o pior desempenho (-0,6%). 

Apesar de ter tido o pior desempenho, todavia, este ramo não tem tanto peso para o resultado, já possui uma presença pouco expressiva. O ramo mais preocupante, destaca Bentes, tem sido o de Hiper e supermercados, "setor que cresceu menos e que os preços aumentaram mais", com avanço de 3,5% em outubro, mas de 1,5% no acumulado do ano, com inflação de 10,6%, no acumulado - enquanto a inflação acumulada no varejo é de 7,5%. Em comparação com o mês anterior, o ramo caiu 0,4% e a inflação foi de 0,7%.

"Não temos neste ano o IPI (imposto sobre produtos industrializados) para ajudar como no ano passado. Algumas alíquotas de IPI já subiram. Tivemos um segundo semestre melhor no comércio. No primeiro, o crescimento foi de 3%, já agora [no segundo semestre] foi de 5,5%. Tivemos recuperação no segundo semestre, mas não o suficiente para ser como nos anos anteriores, de 7% e 8%. O dado de outubro é a mostra do varejo no ano. Não teremos queda, mas teremos um crescimento mais baixo", explicou Bentes. 

Em comparação com setembro deste ano, o crescimento do comércio varejista em outubro foi de 0,2%, abaixo dos 0,5% que a CNC e outros analistas esperavam. Já na comparação com outubro do ano passado, esperava-se acréscimo de 6,2% - 0.9 pontos percentuais acima do registrado. 

"A principal causa é uma re-aceleração da inflação no varejo. O próprio IBGE, que tem um termômetro de inflação para o varejo, diz que a inflação cresceu 0,6% em setembro, a maior alta desde março. Tivemos uma trégua entre maio e setembro, com inflação abaixo de 0,3%. Para o varejo, inflação alta é sinônimo de venda baixa. Preço em alta, venda em baixa", comentou.

Além da inflação e da desaceleração do mercado de trabalho, Bentes também ressalta que o crédito ao consumidor está mais caro neste ano, em relação a um ano e meio atrás. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que a economia brasileira está "crescendo com duas pernas mancas" por causa da escassez de crédito ao consumidor. Ele acredita que hoje qualquer empresário consegue financiamento para aquisição de máquina e equipamento e o ideal seria que o crédito para o consumidor também crescesse.

A expectativa da CNC é de que os setores de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (+10,6%) e artigos de uso pessoal e doméstico (+9,3%) tenham os melhores desempenhos do ano.