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Freixo e Crivella fazem último debate antes das eleições de domingo

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Os candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL), participaram na noite desta sexta-feira (28) do último debate de televisão antes das eleições. No primeiro bloco do encontro, realizado pela TV Globo, o candidato do PSOL foi incisivo nas críticas ao senador do PRB, pelo vínculo com a Igreja Universal e por ter faltado aos últimos debates promovidos por outras emissoras durante o segundo turno.

Freixo questionou Crivella a respeito do projeto de poder da Igreja Universal, lembrando de uma frase do senador do PRB, veiculada em vídeos nas redes sociais, de que entrou para a política por causa da igreja. O candidato do PRB negou a relação da Igreja Universal com a política e afirmou que o eleitor não está preocupado com a sua religião, mas com os problemas da cidade.

"A Igreja não tem projeto político nenhum. O eleitor não está preocupado com a minha religião, mas com o saneamento que ele não tem, com o transporte que é horrível na zona oeste. Interessa se sou católico, espírita, umbandista ou evangélico? Isso só interessa ao Freixo", disse Crivella, sendo aplaudido, na sequência, por parte da plateia.

Na tréplica de Freixo, a plateia voltou a se manifestar e a mediadora do debate, jornalista Ana Paula Araújo, pediu silêncio e precisou interromper a contagem de tempo de perguntas e respostas no cronômetro. O candidato do PSOL negou que tivesse fixação com o tema porque nunca conseguiu fazer a pergunta a Crivella, já que o senador faltou aos últimos debates.

"Crivella, eu não estou há três semanas tocando nisso porque você faltou a todos os debates. Evidente que a sua igreja tem um projeto de poder, basta olhar o seu partido, que é todo de bispos. Quando você foi ministro da Pesca, seus assessores eram pastores. E você ainda disse que os católicos eram demoníacos", rebateu Freixo.

O candidato do PSOL voltou a lembrar de vídeos veiculados na internet e em sua campanha política, nos quais Crivella afirma, dentro de uma igreja, que as mulheres deveriam obedecer aos homens. O senador do PRB respondeu que seu casamento de 36 anos é a maior prova de seu apreço pelas mulheres e emendou que criaria 20 mil vagas para crianças em creches, sem investir nenhum recurso e a partir de Parcerias Público-Privadas, como fez a Prefeitura de Belo Horizonte.

Freixo disse que a pergunta não era sobre a mulher do candidato, porque não queria entrar em questões de sua vida privada. O candidato do PSOL afirmou, ainda, que Crivella estava enganado sobre os custos do projeto na capital mineira, que teria custado R$ 1 bilhão. O senador do PRB disse que o custo de R$ 1 bilhão e menor que o preço de crianças ficarem nas ruas e sem proteção.

A denúncia da revista Veja do último fim de semana, cuja capa mostra Crivella fichado na polícia e a reportagem fala de ação do senador com homens armados para expulsar uma família de um terreno onde estava sendo construída uma igreja, também foi mencionada no debate. Freixo afirmou que o candidato do PRB é "violento". "A família do delegado está te processando". Crivella negou a denúncia, disse que tinha ido visitar uma obra estrutural e que a revista "foi condenada por falar mentira".

O candidato do PRB disse que os ataques de Freixo não produziram nenhum efeito eleitoral e as pesquisas de intenção de voto continuam mostrando que ele está à frente na preferência do eleitorado. "Freixo, defensor de direitos humanos não pode fazer acusações sem provas. Não tem efeito eleitoral, continua a mesma coisa depois de três meses de ataques. O único crime pelo qual eu posso ser acusado é de empobrecimento ilícito, eu doei R$ 20 milhões". 

Candidatos fazem ataques mútuos em considerações finais

Durante as considerações finais, Marcelo Crivella afirmou que está na vida pública há 15 anos e que, agora, depois de ter disputado muitas eleições, tem a oportunidade de ganhar. O candidato negou que tenha fugido dos debates e entrevistas no segundo turno. Segundo ele, seu cargo de senador o impediu de estar presente em diversos momentos da agenda de campanha eleitoral.

"Não pude ir a todos os debates porque voltei para o Senado. O Freixo não tirou licença da Assembleia Legislativa, mas eu não podia fazer isso, parei de receber meu salário. Dizer que não vou a debate e me nego a responder, isto é uma infâmia. Peço a vocês que estão em casa que não considerem essas infâmias que são próprias dos debates eleitorais. É preciso fazer aliança, e eu tenho conversado com todos, basta de brigas e de desunião", disse Crivella.

Freixo iniciou sua conclusão chamando o candidato do PRB de "desonesto", e desmentiu que tenha recebido salário de deputado sem ter trabalhado nos dias em que esteve em campanha. Diante dos protestos da plateia contra Freixo e que atrapalharam a fala do candidato, a direção da TV Globo concedeu tempo extra para as considerações finais.

"Crivella, a desonestidade faz parte das suas acusações. Fui trabalhar na Alerj, sim.  E, nos dias que não fui, meu salário foi descontado. Quero me dirigir a você que está em casa e acompanhou nossa campanha de forma tão bonita, em Madureira, Campo Grande, Santa Cruz, Realengo, Honório Gurgel, com a juventude, com as crianças que colocaram adesivos, quero pedir para você que está pensando em anular o voto que você vai escolher quem vai governar a cidade pelos próximos quatro anos. Eu não vou leiloar cargos e não estou a serviço da igreja, de bispos ou de um ou outro", afirmou o candidato do PSOL.