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Para vereadora do PSOL, PM que sacou arma nas barcas 'cerceou sua liberdade de campanha'

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A vereadora de Niterói Talíria Petrone considerou a atitude do policial militar um 'cerceamento da liberdade de sua campanha'. O PM sacou uma arma e apreendeu seu material eleitoral dentro da barca que fazia o trajeto Niterói-Rio na manhã desta quinta-feira (16). Talíria é candidata a deputada federal pelo PSOL.

O material de campanha apreendido pelo policial militar foi devolvido. Contudo, de acordo com Talíria, quando ela estava saindo da 4ª Delegacia de Polícia, um policial não queria permitir que o material fosse levado. O delegado teve de ser acionado. Ele disse que daria voz de prisão ao PM caso Talíria não pudesse deixar a DP com o material de campanha.

A vereadora informou que solicitou acesso às imagens das câmeras da embarcação junto à CCR Barcas. 

>> JB flagra PM sacando arma e apreendendo material eleitoral nas barcas

Para Tarcísio Motta, candidato a governador pelo PSOL, "[o ocorrido] é um sinal da criminalização da política, que o policial não poderia ter sacado uma arma, que uma campanha política é um direito da população e que o que aconteceu foi uma arbitrariedade". Motta também disse que os psolistas vão levar o caso às últimas consequências e que esperam um posicionamento tanto do TSE quanto do TRE.

O deputado estadual Marcelo Freixo, do mesmo partido, disse que entrou em contato com representante do Ministério Público Militar para que o órgão possa tomar providências. Ainda de acordo com Freixo, este representante poderá se encontrar com Talíria ainda nesta sexta-feira (17).

Sobre o incidente

Por volta das 9h, uma forte discussão chamou a atenção do repórter cinematográfico do JB, Bruno Kaiuca, que fez o registro em fotografia e vídeo. "Eu estava indo para uma pauta quando percebi o tumulto e o instinto de repórter me fez ir atrás do ocorrido", explica Kaiuca. 

As imagens mostram que o PM, um sargento ainda não identificado, abordava de forma veemente a candidata à deputada federal pelo PSOL e sua equipe, e questionava a vereadora sobre o motivo de ela estar com o material de campanha. O vídeo também mostra o policial sacando a arma para intimidar os psolistas. Populares se levantaram e se manifestaram contra a ação do PM. 

O material de trabalho, o crachá e o RG do fotógrafo do JB foram apreendidos pelo PM. Bruno Kaiuca conta que acompanhou o PM até a delegacia para reaver seus pertences, com agentes do Centro Presente. "Eu estava registrando o episódio e o PM arrancou meu crachá e meu RG", relata. Mais tarde, Bruno recuperou os documentos e o material gravado e fotografado. 

Vereadora do PSOL repudia ação da PM

Nas redes sociais, a vereadora do PSOL, que é candidata a deputada federal, repudiou a ação do agente policial e disse que foi  "vítima de abuso policial". "Estávamos, eu e mais quatro companheiras, nos preparando para tirar uma selfie, segurando um panfleto, animadas para divulgar nossos sonhos. No momento da foto, um policial militar nos abordou de forma extremamente violenta, batendo no meu telefone e dizendo que não podíamos fazer aquilo ali. Apreendeu nossos materiais, que apenas carregávamos para panfletagem que faríamos na praça XV", escreveu Talíria Petrone no Facebook.  

A vereadora do PSOL também questionou a forma como foi abordada: "Se comigo, com a gente, foi assim, imagina na favela, com pobre e preto. Não passarão com seu ódio. Seguimos em luta". 

Posição da PM e da CCR

Em um comunicado, a assessoria de imprensa da PM informou:

"Durante policiamento de rotina, na manhã desta quinta-feira (16/08), no interior de uma barca da CCR Barcas que fazia o trajeto Niterói-Rio de Janeiro, policial militar foi alertado por um tripulante que um grupo planejava fazer panfletagem de propaganda eleitoral no interior da embarcação, o que é proibido pela legislação vigente.

Na abordagem ao grupo, que transportava pacotes de panfletos de propaganda eleitoral, houve princípio de tumulto. O policial militar, em serviço através do Programa Estadual de Integração na Segurança (PROEIS), achou por bem encaminhar o caso para a 4ª DP (Praça da República). 

Vale lembrar que, embora já seja permitida a propaganda eleitoral, o artigo 14  da Resolução 23.551, do Tribunal Superior Eleitoral, proíbe a veiculação dessa prática em transportes públicos."

CCR Barcas:

A CCR Barcas informou que não é permitida a distribuição de material de campanha eleitoral dentro das embarcações e das estações, segundo determinação do TSE.