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MP cita limite e vê torcida única como recado às organizadas

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O primeiro clássico paulista a ser disputado com torcida única tem gerado grande polêmica e, nesta sexta-feira, obrigou o Ministério Público a se explicar. Em entrevista coletiva nesta tarde, os promotores Paulo Castilho e Ricardo Senise justificaram o pedido acatado pela Federação Paulista de Futebol (FPF) pelo Palmeiras x Corinthians deste domingo no Allianz Parque apenas com torcedores alviverdes e creditaram a decisão às torcidas organizadas.

Com um discurso firme e baseado no combate à violência, Castilho e Senise afirmaram que o dérbi paulista com torcida única é um recado aos torcedores organizados. “As organizadas vão ter que se reinventar. Nos moldes atuais, não têm mais espaço. Elas chegaram a um limite e vão ter que se modificar. Dizem que o futebol sem organizadas vai acabar. Mas o futebol é muito maior do que as organizadas”, declarou Paulo Castilho.

Os promotores do MP também atacaram a distribuição dos ingressos dos visitantes para as partidas de futebol no Brasil. Atualmente, por lei, os torcedores de times visitantes têm direito a pelo menos 5% da carga de ingressos das partidas. Castilho e Senise, contudo, lamentaram que essa cota seja destinada quase que totalmente às torcidas organizadas.

“O espetáculo esportivo é da sociedade e não da torcida organizada. Ela não deve imperar sobre esse poder de compra de ingressos. Essa conduta de os clubes serem reféns das torcidas organizadas e priorizá-las em vez do torcedor comum está errada. Quando elas se unem, agem como ações criminosas”, disse Paulo Castilho. “O MP não é favorável à torcida única e sim a favor de qualificar o torcedor visitante, de tornar o ambiente mais salutar”, acrescentou.

E a solução? Castilho contou que já conversou com o presidente da CBF, José Maria Marin, e com o presidente da FPF, Marco Polo Del Nero, e sugeriu que, futuramente, os clubes visitantes destinem os ingressos a que têm direito a associações com a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e até a organizações de médicos e de jornalistas. “Começaríamos com 500 bilhetes, depois subiríamos para mil, 10 mil, até, quem sabe, um estádio dividido meio a meio. Teríamos torcedores de bem e que nem precisariam de escolta policial”, explicou.

Roberto Senise foi mais além e pediu a reforma do código penal brasileiro. “O que venho falando desde 2009 é da necessidade de termos uma reflexão maior não só no futebol, mas nas políticas criminais realizadas em meio às multidões no Brasil. Quando uma pessoa comete um crime no meio de uma multidão ela se apoia na ilusão do anonimato. O assunto não se exaure no futebol. É muito maior que isso. Tivemos manifestações populares em junho de 2013 nas quais houve depredação e vandalismo. É necessário que o Estado urgentemente reforme a sua política criminal. O nosso código penal é de 1940. Não dá mais”, decretou.