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Isabelle Drummond e a narrativa de "Novo Mundo: “Desconstrução do tradicional”

A atriz contou à coluna teve aulas de ação com o diretor de Hollywood Andy Armstrong

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Os tradicionais príncipes e princesas dão lugar ao marujo e à professora de português no protagonismo de “Novo Mundo”, nova novela das 18h da Globo. Responsável por narrar a história da independência do Brasil, Isabelle Drummond é Anna Millman, personagem principal da trama. Inglesa e professora de português da princesa Leopoldina, a jovem atuará nos bastidores da história e é a porta-voz da independência através de seu diário.

 “A minha personagem é inspirada em uma mulher que existiu de verdade. Era ela inglesa e escreveu mesmo o diário do Brasil. Só que, enquanto na novela a Anna é professora de português da Leopoldina, na história real, essa mulher ensinava às filhas da princesa”, explicou Isabelle, que acrescentou que, embora a inspiração seja real, os desdobramentos serão fictícios. “O romance dela com Joaquim Martinho, personagem do Chay (Sued), por exemplo, não existiu de fato. Até porque, nem seria possível no contexto original da história”, completou.

Sobre a proposta de contar a trama a partir de novos olhares, Isabelle Drummond definiu como interessante. Para a atriz, a ideia de narrar uma história já conhecida pelo ponto de vista de personagens que, muitas vezes, nem são citados, garante um novo fôlego à trama. 

“Eu acho muito interessante o fato de os protagonistas da novela não serem os personagens principais da história do Brasil. Essas pessoas têm uma importância enorme para a história do país, mas pouco se fala de quem estava mais nos bastidores. Então, é muito legal poder mostrar um pouco desse outro lado e dar voz a quem esteve sempre atrás e escondido. Eu vejo como uma desconstrução do formato mais tradicional de novela e protagonista”, analisou.

Para esta personagem, Isabelle colecionou diferentes inspirações e referências. Seja na parte da filosofia de Anna Millman ou no figurino da jovem, a atriz contou que seu mergulho foi quase como uma colcha de retalhos. Para construir a identidade de escritora da personagem, por exemplo, Isabelle Drummond contou que se inspirou na inglesa Jane Austen.

 “Ela era uma mulher extremamente à frente do seu tempo. Na carreira, Jane Austen nunca usou um pseudônimo, como era comum na época, e sempre assinou seus próprios livros. E a Anna Millman segue essa ideia, de ser mais transgressora”, explicou.

Outro elemento que foi fundamental para que Isabelle criasse Anna Millman foi o figurino da personagem. Em “Novo Mundo”, vestidos do século XIX, pouca maquiagem e acessórios com um toque mais naturalista se destacam no visual da atriz. Nos cabelos, Isabelle precisou escurecer os fios, antes louros, para viver a morena Anna. 

“Eu acho interessante essas transformações porque dão muito da identidade da personagem. Quando eu mudei o cabelo, por exemplo, eu logo fui mergulhando no universo da Anna, porque o visual conta muito para ela”, disse a atriz que acredita que as a caracterização ajude a mostrar o espírito livre da personagem. “Ela nunca foi de seguir muito as regras da época e é bem fora do padrão. Hoje, talvez ela seria chamada de hippie por ter uma ligação forte com a natureza”, apontou.

Além do naturalismo presente no visual da Anna Millman, a naturalidade também se destaca. Na novela, Isabelle Drummond abdica da maquiagem e passa a adotar uma aparência totalmente pura e real. Sobre a experiência de se ver sem base, pó ou corretivo na telinha, a atriz não demonstrou preocupação e nem desconforto.

 “Eu gosto dessa proposta de mostrar os poros e as sardas. E, como essa é uma ideia que se adapta ao conceito da personagem, eu acho muito legal a falta de vaidade. É uma outra experiência”, apontou.

Aliás, novas experiências não ficam só no âmbito visual de Isabelle Drummond em “Novo Mundo”. Para viver a protagonista da nova novela das 18h, a atriz precisou descobrir e potencializar a ação que morava dentro dela. Entre as cenas de Anna Millman na trama, algumas com espadas, lutas e muita tensão se destacam. Para isso, Isabelle contou que teve aulas com o diretor de Hollywood, Andy Armstrong.

 “Foram três semanas gravando de madrugada as cenas de dentro do barco. Nunca havia sido feito algo assim na televisão brasileira. Tanto que a novela precisou trazer um diretor de fora para dar mais veracidade e estrutura a essas cenas”, lembrou Isabelle que não escondeu a intensidade dessas cenas. “Foi muito difícil atuar, trabalhar de madrugada e ainda ter toda essa carga de ação. Mas é bom, assim a gente aprende mais também”, completou.

Assim como o cuidado com as cenas de ação marcou os bastidores de “Novo Mundo”, a fase de pré-produção também foi muito estudada. Segundo Isabelle Drummond, que coleciona trabalhos na emissora, desta vez, a Globo apostou em uma preparação de elenco mais profunda e intensa. Dessa forma, a atriz contou que, quando chegou no set, sua relação com Chay Sued, seu par romântico, e Rodrigo Simas, seu irmão, já estava fluida e super natural.

 “Nós tivemos a oportunidade de fazer preparações bem mais intensas do que era antigamente na Globo. Isso foi muito bom porque a gente estabeleceu vínculos mais fortes com nossos colegas de cena. Quando a gente chegava no set, por exemplo, tudo fluía com muita naturalidade entre os personagens”, contou Isabelle.