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Obama defende sanções à Rússia e pede respeito à soberania

Presidente dos EUA concedeu última coletiva de imprensa antes de deixar o cargo

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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi questionado nesta quarta-feira (18), durante a última coletiva de imprensa à frente da Presidência, sobre a fala de Donald Trump de que poderia aliviar as sanções econômicas contra a Rússia.    

Ele ressaltou que as medidas foram tomadas por causa da "invasão" russa na Ucrânia - e não por qualquer outro motivo. "Duas coisas: a primeira é temos uma relação construtiva com a Rússia, onde nossos interesses se sobrepuseram, nós trabalhamos juntos. Tentei trabalhar com o presidente e o governo da Rússia, ajudando-os a diversificar a economia, melhorar a economia", ressaltou.    

No entanto, ele afirmou que desde que Vladimir Putin "entrou na Presidência um sentimento anti-americano tem sido fomentado e as relações internacionais ficaram dando a entender que os EUA tenham feito mal para Rússia - retornando a um espírito de inimizade que existiam na Guerra Fria".    

"A segundo é que quando a Rússia entrou na Crimeia, na Ucrânia, nós impusemos as sanções não por causa de poder nuclear, mas por invadir a soberania de um país E eu falei a eles que 'quando vocês pararem com isso, nós tiramos a sanções'. Não podemos confundir o porquê das ações foram impostas", ressaltou.    

Obama ainda foi questionado sobre uma "corrida nuclear" entre Trump e Putin e ele respondeu que "assinou um decreto para reduzir a quantidade de armas nucleares, mas eles não quiseram negociar". "Se Trump quiser entrar nessas negociações, acho que há muito espaço para negociar", acrescentou.    

Reforçando sua posição de manter as sanções, o mandatário ressaltou que "os países poderosos não podem invadir os menos poderosos". "Esse é um exemplo de um papel vital que os EUA tem que lidar, com normas básicas, como o respeito aos direitos humanos. Os EUA nem sempre foram perfeitos nesses aspectos com nossos aliados, mas posso lhes dizer que em todo o G20, G7, em um ambiente multilateral, os EUA têm estado do lado certo dos assuntos e queremos continuar assim", finalizou.

Obama defendeu liberdade de imprensa frente à ofensiva de Trump

Antes de falar com os jornalistas, o presidente dos Estados Unidos ressaltou a importância da imprensa para a democracia e agradeceu o trabalho dos jornalistas que o acompanham há oito anos no cargo. 

"Foi um prazer estar aqui. Vocês tinham que fazer perguntas difíceis, vocês tinham que saber essas coisas e vocês fizeram isso. Vocês são o ponto de início para termos um debate agradável. A imprensa é o olho crítico sobre aqueles que tem poder. Espero que vocês tenham essa tenacidade, para ir a fundo nas histórias e nos impulsionar a ser o melhor que nós podemos ser", ressaltou o mandatário.    

O líder ainda aproveitou para informar que entrou em contato com a família Bush, que viu George H.W.Bush e sua esposa, Barbara, serem internados nesta quarta-feira . "Entramos em contato com a família Bush, não só porque eles dedicaram a sua vida a esse país, mas foram fontes constante de consultas para mim e para Michelle. Queremos enviar nossas orações para eles", destacou.

Obama afirma que não irá se candidatar a cargo político

Barack Obama destacou que não irá se "candidatar a um cargo político". "O que disse que é importante descansar um tempo para processar esse período incrível que passei. Agora vou aproveitar com minha família, vou fazer 25 anos de casado e espero que Michelle me aguente mais. Quero ficar um tempo quieto, sem ouvir tanto a minha voz", ressaltou destacando que ainda quer "escrever bastante".    

Questionado sobre como foi ver as suas filhas reagirem à derrota de Hillary Clinton nas eleições de novembro do ano passado, o mandatário ressaltou o "orgulho" que tem das duas e que elas reagiram bem ao fato. "Foi interessante foi ver como Malia e Sasha ficaram decepcionadas porque apoiaram Michelle durante a campanha e era o que nós acreditamos. Mas, o que também tentamos ensiná-las foi que a esperança existe e que o fim do mundo é apenas quando ocorre o fim do mundo. Aí você levanta, sacode a poeira e segue.    Nenhuma delas pretende seguir na carreira política e acho que a mãe delas também, mas sabem que precisam ser cidadãs ativas", acrescentou. 

Ao receber a pergunta de que era o primeiro presidente negro do país, Obama afirmou que espera ver os EUA a ter "pessoas emergindo nos cargos políticos, sejam negros, de qualquer religião, judeus, hindus, se dermos chances a elas".    

Usando o exemplo dos Jogos Olímpicos no Brasil, Obama ressaltou que "nós vimos e demos o melhor nos Jogos Olímpicos do Brasil". "E isso foi divertido porque sempre que você vê quem é o melhor em seu esporte, é divertido. Mas eles são de todas as formas, cores, e você olha para Simone Biles e Michael Phelps e eles são bem diferentes. Isso é o que nos marca", ressaltou.    

"O que me preocupa mesmo é a desigualdade porque eu acho que se nós não investirmos nas pessoas, não permitirmos que todos trabalhe, isso vai nos levar a uma separação ainda maior entre os norte-americanos", revelou. 

Obama revela preocupação com crise entre Israel e Palestina

O presidente dos Estados Unidos revelou que está "significativamente preocupado" com as questões envolvendo Israel e Palestina e que teme que o momento para chegar a um acordo "está passando".    

"Continuo muito preocupado com a situação e Israel e da Palestina. Mas, o que sei é que você não pode forçar ninguém a negociar. Mas, em uma democracia, se você não tiver dois Estados, estendendo a ocupação, milhões são deserdados - digamos assim", ressaltou.

Sobre a abstenção dos EUA durante uma votação nas Nações Unidas, que condenou os assentamentos construídos pelos israelenses em territórios palestinos, o líder de Washington destacou que "a meta da resolução foi dizer que isso não pode acontecer, que cria uma realidade física que não podemos aceitar".    

"É importante para nós enviar uma mensagem clara porque o momento para isso pode estar passando. Precisamos que isso crie um debate na Palestina e em Israel - que não vai levar momentaneamente paz, mas que vai abrir o debate entre as nações", disse ainda.    

Já sobre outro caso internacional, Obama defendeu a reaproximação com Cuba para permitir que o povo cubano possa mudar sua realidade. Ele falou sobre a repressão política, o tratamento dado aos opositores, a repressão religiosa e disse que "para combater isso é importante trazer o povo cubano para que converse com os norte-americanos. "Com isso, poderá ser visto com o tempo as mudanças na política e na sociedade", finalizou.

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