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Desertores do EI podem ser agentes secretos com objetivo de atacar a Europa

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Um número crescente de combatentes estrangeiros está abandonando as fileiras do grupo terrorista Estado Islâmico, a medida que o auto-proclamado califado vai se desfazendo. Houve relatos de que pelo menos dois cidadãos britânicos e um cidadão americano deixaram recentemente o grupo e se renderam à polícia de fronteira turca.

Enquanto isso, dezenas foram apanhados nas últimas semanas, enquanto tentavam atravessar a fronteira. Há também um número desconhecido de combatentes que conseguiram se evadir da captura e atravessaram a fronteira com a Turquia em segurança.

Para enfrentar o fluxo de desertores que se aproxima, muitos estão prevendo uma "guerra de inteligência" no Ocidente, para descobrir terroristas entre os civis.

Esse fenômeno vem se ampliando desde o continuo colapso da capacidade do EI de manter o terreno conquistado na Síria e no Iraque.

Sputnik International conversou com Aymenn Jawad Al-Tamimi, pesquisador da ONG Middle East Forum (Fórum do Oriente Médio).

"Esta não é uma novidade. Os combatentes estrangeiros querem deixar o Estado Islâmico e isso acontece graças à uma variedade de razões. Uma das razões é a pressão militar que o grupo enfrentou. Essa pressão resultou em uma redução nos benefícios para os combatentes. Além disso, eles podem ter percebido que a vida sob o comando de terroristas não aquilo que eles pensavam que seria", disse Al Tamimi.

Segundo o interlocutor da agência, por enquanto, parece que principalmente os soldados comuns que estão tentando sair do grupo.

"A liderança talvez esteja mais empenhada em lutar até o fim e está preparada para aceitar a perda de territórios onde o grupo se reverterá em algum tipo de insurgência", disse o analista.

Al-Tamimi afirmou que exite um perigo com o retorno dos desertores aos seus países. Alguns deles podem estar partindo realmente por medo de serem processados por seus crimes. Outros, no entanto, podem estar fingindo ter deixado o Estado Islâmico, mantendo secretamente a fidelidade ao grupo.

"Eles poderiam, de fato, ser agentes secretos do Estado Islâmico e podem tentar realizar ataques na Europa, por exemplo", disse o analista.

Ele ainda disse que o grupo terrorista já anunciou que, em vez de desmoronar, terá agentes dedicados a realizar operações no Ocidente. De acordo com o analista, é importante manter essa possibilidade em mente.

Al-Tamimi disse que atualmente as agências de inteligência se sentem sobrecarregadas pelo número de pessoas que entram e "a falta de cooperação entre essas agências leva a uma redução de sua capacidade de rastreamento".

O especialista afirmou ser urgente que as agências de inteligência de diferentes países cooperem entre si e combatam o terrorismo que representa uma ameaça real não apenas no Oriente Médio, mas também na Europa.

Nos últimos meses, o EI sofreu grandes perdas para as forças governamentais e seus aliados, tanto na Síria como no Iraque.

Mais cedo na quarta-feira, o Estado-Maior Geral russo disse que as formações do Estado Islâmico perto das cidades de Hama e Homs tinham sido inteiramente derrotadas.

Os militares acrescentaram que as forças do governo sírio também conseguiram estabelecer um controle completo sobre Palmira.

Sputnik