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Raiva e dor na Itália por desabamento de viaduto em Gênova

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A Itália foi abalada na terça-feira (14) com o desabamento do viaduto de uma rodovia perto de Gênova (norte) que causou a morte de ao menos 30 pessoas.

"Há quase 30 mortos e muitos feridos gravemente", indicou à imprensa o ministro do Interior, Matteo Salvini.

Na madrugada desta quarta-feira, funcionários do ministério do Interior revelaram à imprensa que o desabamento deixou 31 mortos - cinco ainda não identificados - e 16 feridos, 12 em estado grave.

"Diante dos italianos me comprometo a determinar as responsabilidades de um desastre tão inaceitável", anunciou, indignado, o ministro.

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, viajou imediatamente a Gênova para uma reunião de emergência e forneceu à imprensa um balanço de 25 mortos e 16 feridos, entre eles nove graves.

"É uma ferida difícil para Gênova e para toda a Itália", declarou. "Os italianos têm o direito de viajar seguros", afirmou.

"É uma catástrofe (...), uma tragédia aterradora e absurda que afeta tantas pessoas e famílias", lamentou em comunicado o presidente Sergio Mattarella.

Ao menos 30 veículos, entre eles três caminhões, foram atingidos pelo desabamento, alguns do quais caíram de 45 metros de altura.

- 'A pista de repente desapareceu' -

A imagem de um caminhão da rede de supermercados "Basko" parado na beira do viaduto destruído, prestes a cair no nada, resumia o horror da tragédia, que provocou dor e raiva.

"Vi que o caminhão verde freava. Eu também parei, fechei o caminhão e saí correndo", contou à AFP, ainda surpreso, Afidi Idriss, um motorista marroquino que se sente abençoado pela sorte.

"Não sei como me salvei. A pista de repente desapareceu e eu caí com o automóvel. Não sei como pude sair do veículo", afirmou, entre os sobreviventes, Davide Capello.

Alguns qualificaram o desabamento do viaduto de tragédia anunciada, pois desde a sua construção, nos anos 1960, gerou polêmicas e foi submetido a muitas e onerosas obras de remodelação contra as fendas e a degradação do concreto armado.

"Todos os dias caminhava por baixo do viaduto a pé. Nunca me senti seguro, ouvíamos barulhos principalmente quando os caminhões passavam", contou à AFP Ibou Touré, um senegalês de 23 anos.

Os socorristas continuavam trabalhando sem parar na noite desta terça, 10 horas após a tragédia, para resgatar com cães especializados as pessoas que estão presas debaixo dos escombros do viaduto, que, na queda, soltou enormes blocos de cimento.

"Uma cena apocalíptica", assegurou uma testemunha à emissora Isoradio, especializada no tráfego das rodovias.

A região do acidente é muito povoada e, segundo a empresa encarregada da manutenção das pistas, a Autostrade, o trecho que desabou estava em obras.

"Não iremos parar de buscar as pessoas até que estejamos certos de que não há ninguém debaixo dos escombros", declarou o chefe do Corpo de Bombeiros, Bruno Frattasi.

"Trabalharemos até que a última vítima seja resgatada", afirmou, por sua vez, Emanuele Giffi, encarregada de coordenar os 300 bombeiros que trabalham divididos em três áreas.

- 'Meu Deus, meu Deus, meu Deus, meu Deus!' -

A televisão transmitiu a gravação do momento dramático no qual uma testemunha vê o desabamento do viaduto de uma altura de 90 metros. "Meu Deus, meu Deus, meu Deus, meu Deus!", grita horrorizada.

"Ouvi como uma trovoada, minha filha achou que era um terremoto. Entendemos depois que era a queda do viaduto. Algo terrível", contou à SkyTV uma moradora da área.

A polícia não descarta que se trate de uma falha estrutural do viaduto, e uma investigação judicial foi aberta para estabelecer os responsáveis pela tragédia.

"Tudo parece indicar que a manutenção foi realizada corretamente", explicou o ministro do Transporte, Danilo Toninelli, que prometeu que os responsáveis "pagarão, pagarão tudo".

O viaduto "doente", como era chamado, foi projetado pelo engenheiro Riccardo Morandi, responsável pela ponte General Urdaneta, em Maracaibo, na Venezuela, uma das mais compridas do mundo, que desabou após o choque de uma embarcação petroleira.

Autoridades de Espanha, França e Alemanha enviaram mensagens de solidariedade.

Devido à geografia da região de Gênova, localizada entre o mar e as montanhas, a rodovia conta com longos túneis e viadutos.

Este foi construído na década de 1960 na rodovia A10 e restaurado em 2016. O viaduto tem 1.182 metros de comprimento e uma altura de cerca de 100 metros.