ASSINE
search button

"Não damos gorjeta para negros" 

Compartilhar

Em tempos de acirramento das lutas raciais nos Estados Unidos, mais um caso de racismo revela o que os brancos americanos ainda pensam da população negra. Uma nota fiscal foi deixada em cima da mesa de um restaurante após o cliente sair e deixar a conta paga. Na nota vinham descrito os seguintes dizeres “Ótimo serviço. Não damos gorjetas a negros”. O caso aconteceu no estado de Virgínea. 

Meio século após o fim da segregação racial nos Estados Unidos, meio século garantido o direito de isonomia, meio século após os ônibus e lugares públicos poderem ser frequentados por toda a população, e vemos o retrocesso em distintas ações de racistas americanos. É importante frisar que também faz meio século que brancos e negros continuam sem viver realmente juntos, mesmo tendo aparato legal para isso. 

A desconfiança e a tensão racial crescem dia após dia no país. Estimulado pelo aumento de mortes de negros por policiais e a impunidade para os mesmos assassinos, somados a falta de políticas eficazes para acabar com esse problema, vemos o racismo fortalecendo as diferenças e desigualdades nos Estados Unidos.

O descontentamento da comunidade negra americana não é infundado. Segundo os dados do portal “Mapping Police Violence” (um site que compila dados colaborativos sobre a violência policial nos EUA), negros têm três vezes mais chances de serem assassinados por policiais do que brancos e tem até cinco vezes mais em casos de mortes em que a vítima não estava armada.

Dentre os anos de 2015 e 2016 o site apontou que a violência policial resultou em 506 mortes de negros. Ainda nessa mesma perspectiva, os negros representam 26% dos mortos por policiais, o que traz à tona uma disparidade em relação a sua proporção na população, que é de aproximadamente 12%.

Em tempos de despedidas do primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos, Barack Obama, os pequenos símbolos do avanço está ameaçado. Em noticiários do mundo inteiro vemos que a grande potência mundial permanece fraturada e a população negra americana tende a sofrer mais em tempos de Donald Trump. 

Walmyr Junior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor, membro do MNU e do Coletivo Enegrecer. Atua como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ