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Justiça francesa mantém preso acadêmico islâmico acusado de estupro

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Um tribunal francês rejeitou nesta quinta-feira (22) o pedido de liberdade condicional apresentado pelo teólogo suíço Tariq Ramadan, acusado de estupros, informaram à AFP fontes judiciais.

Antes de se pronunciar, o tribunal submeteu o intelectual muçulmano a um exame médico que concluiu que seu estado de saúde não era incompatível com a prisão, como defendido por seus advogados.

Alvo de três denúncias por crimes que teriam ocorrido na França entre 2009 e 2014, o acadêmico islâmico de 55 anos, neto do fundador do movimento egípcio da Irmandade Muçulmana, foi denunciado por estupro e estupro de vulnerável.

Está preso desde 2 de fevereiro e afirma sofrer esclerose múltipla e neuropatia. Ele se negou a comparecer na audiência desta quinta-feira.

Depois da explosão nos Estados Unidos do caso do produtor de cinema Harvey Weinstein, que motivou muitas vítimas de abusos sexuais em diversos países a tornarem públicos seus casos, duas mulheres acusaram no fim de outubro o teólogo suíço de tê-las estuprado, uma em 2009 e outra três anos depois. E nesta quarta-feira surgiu a terceira acusação, por violações ocorridas em 2013 e 2014.

O intelectual, professor de Estudos Islâmicos Contemporâneos na Universidade britânica de Oxford, atribui as denúncias a "uma campanha de calúnias".

A primeira a acusá-lo, Henda Ayari, de 41 anos, uma ex-salafista que se converteu em militante feminista, diz que Ramadan a estuprou em 2012 em um hotel de Paris.

A defesa do teólogo forneceu à Justiça documentos com os quais tenta desacreditar Ayari. Entre estes destacam-se conversas pelo Facebook nas quais uma mulher que diz ser Henda Ayari faz propostas explícitas a Ramadan em 2014, ou seja, dois anos depois do suposto estupro. Propostas que Ramadan não aceitou.

Uma segunda denúncia contra Ramadan foi apresentada poucos dias depois da primeira por outra mulher, que afirma ter sido estuprada e apanhado em 2009 em um único encontro em um hotel na cidade de Lyon, leste da França.

Nesta quarta-feira, uma mulher muçulmana identificada pelo apelido de "Marie", de cerca de 40 anos, iniciou uma ação contra o teólogo por múltiplos estupros entre 2013 e 2014 ocorridos na França, em Bruxelas e em Londres.

A mulher se diz vítima de atos sexuais violentos e degradantes em ao menos dez encontros, entre fevereiro de 2013 e junho de 2014, a maioria em hotéis durante conferências do teólogo, de 55 anos.

Segundo a Rádio Europe 1, a mulher confiou a Tariq Ramadan "seu passado de garota de programa" e de ter "estado entre as mulheres pagas para ter relações sexuais com Dominique Strauss-Kahn", ex-ministro francês e diretor-geral do FMI, no centro de vários escândalos sexuais.