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Abertura do Túnel Charitas-Cafubá encurta acesso à Região Oceânica e melhora vida de usuários

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A vida do professor de jiu-jitsu fluminense João Vítor Freitas, 29 anos, mudou da água para o vinho desde o ano passado, quando foi inaugurado o Túnel Charitas-Cafubá, de ligação com a Região Oceânica. Ele mora em Icaraí, dá aulas em Itaipu e rema em Charitas. Conseguiu resolver essa equação de deslocamentos sobre as duas rodas de sua bicicleta, com ganho de tempo e dinheiro. “Não conseguiria horário nem transporte para fazer tudo isso não fosse essa ciclovia”, exulta o atleta, que ainda por cima queima calorias extras durante os percursos.

Desde a inauguração do Túnel Charitas-Cafubá – com 1,3km em cada galeria, batizadas de Jornalista Luís Antonio Pimentel (sentido Charitas) e (ex-prefeito) João Sampaio (sentido Cafubá) –, em maio de 2017, a vida de muita gente mudou. Para melhor. O cozinheiro Raoni Guimarães, 32 anos, por exemplo, passou de empregado a patrão. “Agora, eu mesmo confecciono os lanches que vendo, faço compras no Centro e saio do Cafubá para vender em Jurujuba, tudo de bicicleta. Ficou tudo muito mais fácil, e ainda parei de trabalhar para os outros”, comemora.

É verdade que grandes obras que envolvem dinheiro público sempre geram polêmicas. Com os túneis não poderia ser diferente. O custo inicial foi acrescido de R$ 32,1 milhões, por conta da exigência do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que acrescentou mais 10% ao custo total do projeto, de R$ 417 milhões. Desde a inauguração, já atravessaram as galerias 42.500 veículos por dia. Apesar de usufruir dos resultados, Raoni espera por dias ainda melhores, quando a obra de construção da ciclovia em toda a Região Oceânica vai chegar aos 61,3km de extensão, depois de concluída. 

Por enquanto também não há acesso para todas as linhas de ônibus que ligavam as regiões. Segundo a prefeitura, o plano operacional da Transoceânica, corredor viário de 9,3km que corta 12 bairros da cidade, terá uma nova frota de 40 veículos elétricos, que serão adquiridos pelo município e cedidos por tempo determinado ao consórcio que atua na Região Oceânica. Serão cinco linhas de ônibus que sairão de diversos bairros da orla niteroiense. Duas novas linhas passarão pelo Túnel Charitas-Cafubá e seguirão até o Centro. Uma sairá de Piratininga e a outra, de Itaipu. Três linhas seguirão do Largo da Batalha até o Centro.

“Com o funcionamento da Transoceânica e a implantação desse sistema operacional, teremos um dos mais modernos sistemas de transporte da América do Sul. Trata-se de um grande programa de mobilidade e sustentabilidade, com investimentos no desenvolvimento sustentável e na implantação da malha cicloviária”, diz o prefeito Rodrigo Neves (PV).

O engenheiro elétrico da prefeitura, Renato Merate, que trabalhou na construção do projeto, afirma que não há nenhum túnel no estado tão sofisticado quanto este. “Temos censores de CO2, que acionam os ventiladores quando os níveis de poluição sobem. Há vigilância e manutenção 24h, além de duas subestações com dois geradores de alta potência para cada galeria”, aponta. Isso além de um sistema inteligente de monitoramento, que informa, em tempo real, tudo o que ocorre nas galerias. Fora os predicados tecnológicos, uma coisa é certa: a travessia pelo túnel economiza cerca de 20 minutos na vida dos usuários, que antes eram obrigados a fazer o percurso para chegar à orla via Largo da Batalha.

Integração

Para a professora Adriana Saramago, que mora há 18 anos na Rua Doutor Mário Souto, no condomínio do Cafubá logo após a saída do túnel, foi um ganho na qualidade de vida. “Os túneis integraram a cidade. Trabalho em uma escola em Icaraí e ganhei 20 minutos para ir e outros 20 para voltar”, comentou, à frente de sua simpática casa cercada de gramado no bairro sossegado. 

Um efeito colateral da obra ocorre no restaurante Olimpo, localizado no “ponto final” do Caminho Niemeyer, um complexo de equipamentos – cuja estrela é o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC) – com a Estação Hidroviária Charitas, localizada no bairro de mesmo nome e inaugurada em novembro de 2004. Integram o projeto um moderno prédio branco, com as características linhas curvas do célebre arquiteto, onde estão localizadas lojas de conveniência, o acesso à estação e, em um segundo piso, o restaurante, também circular, com vista panorâmica para a enseada de São Francisco e para a Baía de Guanabara. “Nosso movimento cresceu mais de 20%, passamos a receber uma clientela diferente da que frequentava a casa”, festeja Zumar Rodrigues, maitre noturno da casa.