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Parceria Público Privada vai transformar Depósito Público de Niterói em empório gastronômico

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Do imponente e fantasmagórico prédio de arquitetura neoclássica, que sediou o antigo Depósito Público de Niterói, abandonado há mais de 30 anos, restam as paredes e a fachada de pé-direito alto, cujos traços art déco vazados ajudam a ventilar o ambiente oco. E o telhado que ainda protege o piso de terra batida, onde brotam samambaias e avencas. As calçadas na Região Portuária, onde predominam grandes galpões e áreas militares, são desertas, porém, o trânsito em seguida ao mergulhão da Avenida Feliciano Sodré, à frente do imóvel, é intenso. É ali que vai funcionar o futuro Mercado Municipal Feliciano Sodré, que será o mais novo polo gastronômico do estado, cuja primeira etapa está prevista para ser inaugurada em novembro de 2019, no aniversário da cidade. 

O ambicioso projeto foi viabilizado por meio da Parceria Público Privada (PPP) que acaba de ser assinada entre a Prefeitura de Niterói, que entra com R$ 25 milhões, e a Sofia Nacional Shopping, consórcio vencedor da licitação para a concessão da área integrada pelas empresas RFM Participações, Nacional Shopping Planejamentos e Reestruturação de Shopping Center e L1 M3 Publicidade. O grupo vai investir R$ 69 milhões, sendo R$ 30 milhões na reforma do prédio. “O Mercado Municipal será uma referência no estado. Vai estimular a economia da cidade e o turismo, gerando empregos e renda”, festeja o prefeito Rodrigo Neves (PV), a exemplo dos mercados existentes em capitais como São Paulo, Salvador e Belém. 

 A ideia é irradiar vida naquele trecho por onde é raro passar alguém. As obras, que devem começar nos próximos meses, serão feitas em duas etapas. Começam pela reforma do prédio, que manterá as elegantes linhas art déco, com revitalização e modernização de todo o interior. A proposta é preencher o piso térreo com delicatessens e quiosques de flores, de artesanato e alimentos, entre outros produtos. No mezanino, ficarão restaurantes e, no entorno, jardins e um biergarten, para a degustação de cervejas artesanais. “Os mercados municipais são uma tendência mundial, espaços comerciais onde o produto e a experiência são os principais protagonistas. Este será um marco para a cidade, um destino gastronômico, polo de incentivo à agricultura familiar que também reservará espaço à produção orgânica”, planeja Sofia Avny, sócia do consórcio Sofia Nacional Shopping. “Haverá queijos, vinhos, embutidos, geleias, azeites, uma oferta completa”, acrescenta. 

 Embora seja bastante farta a quantidade de linhas de ônibus que passam pelo local, o ponto fica bem distante do prédio e poderá ser remanejado pela prefeitura quando o mercado entrar em atividade. Medidas de sustentabilidade, como o uso da luz natural, o reaproveitamento de água de chuva e o telhado verde serão a tônica do projeto.

 Praça e centro cultural 

A segunda fase de obras prevê a construção de uma nova praça, de um centro cultural e de um edifício garagem com 300 vagas. Isso porque a área total no entorno do imóvel é de 9.700 m², hoje praticamente inutilizados. Uma das poucas atividades exercidas do lado de fora de uma das faces do prédio são aulas particulares de baliza por autoescolas. Desativado em 1976, o imóvel, cuja fachada cinzenta está tomada por pichações e grafites — entre eles um pássaro tiê-sangue —, passa quase despercebido pelos veículos que trafegam em alta velocidade, na esquina da Avenida Feliciano Sodré com a Avenida Washington Luiz. Contudo, é visível, à esquerda da alça de acesso do Centro à Ponte Rio-Niterói. O estabelecimento comercial mais próximo é um supermercado Extra. 

 O modelo da PPP adotado no projeto é a concessão da obra pública, onde o concessionário realiza a obra e se remunera a partir da atividade desenvolvida no imóvel. A previsão é que o município tenha uma outorga fixa mensal de R$ 40 mil por fase da obra, e receba 6% do faturamento mensal do mercado. O maior valor de outorga foi o critério da escolha da concessão. “Temos experiência em varejo, em gestão de centros comerciais e imobiliária, além de um grande conhecimento da região”, esclarece Sofia Avny. 

Para ela, o projeto “será o encontro entre o urbano e o rural, por intermédio de contatos diretos entre pessoas dessas diferentes realidades, assim como de diferentes classes sociais. Todos vão se encontrar, dessa forma, no mercado, com suas diferentes concepções de mundo e de vida”.