ASSINE
search button

Polícia ouve estudante que teve intestino perfurado em lipoaspiração

Compartilhar

A delegada Raíssa Telles, titular da delegacia de Icaraí, em Niterói, ouviu hoje (6) durante três horas, no Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, a estudante do 3º período de educação física Gabriela Nascimento Moraes que teve o intestino perfurado ao se submeter a uma cirurgia de lipoaspiração no dia 10 do mês passado, na clínica da médica Geysa Leal Corrêa, em Niterói. A médica é otorrinolaringologista e não tem especialização para cirurgia estética, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

De acordo com o advogado contratado pela vítima, Guilherme Frederico, o depoimento foi bastante esclarecedor para o andamento do inquérito, principalmente como foi o procedimento estético e a conduta da médica após a paciente se queixar de fortes dores no abdômen e ter voltado de quatro a cinco vezes no consultório da médica, reclamando de fortes dores, apesar da bateria de antibióticos e anti-inflamatórios que vinha tomando.

Gabriela estava com o intestino perfurado e chegou a narrar a médica, que no dia seguinte à cirurgia, pelo orifício deixado pela cânula usada para a lipoaspiração estava saindo restos de uma sopa que a estudante tinha tomado. Apesar das fortes dores incessantes, Gabriela ainda voltou várias vezes ao consultório, sem que fosse feito uma tomografia do abdômen para determinar os motivos das fortes dores. Antes de chegar ao Hospital Federal Cardoso Fontes, no dia 18 de agosto, onde foi operada às pressas, a estudante ainda foi ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca.

De acordo com o advogado Guilherme Frederico, na primeira cirurgia, os médicos do Cardoso Fontes fizeram um pequeno corte e costuraram o intestino da estudante, mas como ela continuava com fortes dores, foi necessária a segunda intervenção cirúrgica, no último dia 30, que durou seis horas e terminou com a retirada de 20 centímetros do intestino.

Gabriela foi levada para o quarto na última quinta-feira (2). A estudante ainda não tem previsão de alta e, segundo o advogado da vítima, não está descartada a ida da delegada de novo ao hospital para tomar novo depoimento de Gabriela e esclarecer novos dados, para amarrar bem o inquérito.

Investigação

A médica Geysa Leal Corrêa já está sendo investigada pela morte da pedagoga Adriana Ferreira Pinto, de 41 anos, que morreu seis dias após uma lipoescultura realizada no dia 16 de julho último. Geysa responde a mais três processos por erro médico em procedimentos estéticos. O marido da pedagoga disse que ela fez uma lipoaspiração no abdômen e um implante de gordura nos glúteos. Passou mal em casa, foi levada ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas já chegou sem vida.