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Aonde essas denúncias vão levar o Brasil?

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O Jornal do Brasil já publicou inúmeros editoriais sobre a destruição da dignidade da moral brasileira que a atual crise está provocando, não só no Brasil como no exterior.

Onde isso vai parar?

A investigação correta, a punição dos culpados, o combate à corrupção são fundamentais e devem ser aplaudidos, mas o que se vê claramente é que quem mais tem de ser punido, quem mais destruiu o Brasil foi a falta de ação da Justiça no passado.

Hoje, os políticos e os empresários são corrompidos e corrompem com a maior naturalidade mostrando que, na verdade, esta anomia não foi instalada num passado recente. Ela já vem de muitas décadas. Basta ver a evolução patrimonial de todos os ex-presidentes, ex-parlamentares, ex-ministros... Com raríssimas exceções, ela será reveladora. 

Os mandatos são como as capitanias hereditárias, a corrupção era a forma dadivosa de empresários ficarem mais ricos e o povo mais pobre. As castas se fechando cada vez mais. Se analisarmos os sobrenomes, 50% desse senhores parlamentares são herdeiros de seus pais. Um nepotismo em que uma candidatura, para ter sucesso, custava três, quatro vezes mais do que salário que esses porcos iam receber dos cofres públicos.

Onde podem imaginar que isso vai parar?

No passado, os filhos dos operários não conseguiam nem ser operários. No momento presente, muitos dos filhos de operários sabem ler escrever, e quase todos se formaram. Contudo, não conseguem empregos por falta de sobrenome, de "quem indica". Ou mesmo tendo se formado, não tiveram a sofisticação do curso de inglês, do ensino no exterior que 3% dos que comandam o Brasil, no setor econômico financeiro e no setor empresarial e industrial, tiveram. 

E nos bancos, só estão aqueles que com todos esses cursos ainda tiveram a facilidade de cursar pós-graduação nos maiores centros universitários da Europa. Nesses 3%, parte comanda um sistema financeiro que se reúne e delibera, como mostra recente processo do Ministério Público, os juros e a taxas de câmbio, como se fossem bicheiros se reunindo para ver quem seria o que iria para a banca fazer o descarrego. Na verdade, este grupo é pior do que os bicheiros, pois só eles ganham. São insiders que entre 2008 e 2012 devem ter feito fortunas, e quem os julga é o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e o Banco Central, e não a Justiça. A Justiça julga um morto de fome que rouba uma galinha.

A mulher de um ex-governador corrupto, advogada, sofisticando o roubo, já está presa sem ter processo transitado em julgado. 

Os delinquentes, conscientes, sem nenhum tipo de artifício, foram julgados e condenados. Roubaram a comida do povo, o hospital do povo, o emprego do povo, mas hoje estão soltos.

Onde essa sociedade imagina que vamos chegar? Os filhos dos operários, que engrossam a massa de desempregados, e que já têm formação suficiente para interpretar o que está acontecendo e ver o ódio explodir em seus sentimentos, veem tudo isso, todo este tipo de privilégio, onde delator vai para a sua mansão, fumar seu charuto e tomar seu banho de piscina com seu uísque. E esses desempregados que não roubaram são castigados e constatam que está cada vez mais distante a possibilidade de o Brasil se recuperar, o que significa que vão ter ainda mais tempo de sofrimento pela frente.

Será que as classes que podem dar a solução para o país acham que isso vai acabar em missa de confraternização?