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As dadivosas doações de Eike para entidades filantrópicas

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Hoje, se assiste ao privilégio daqueles que recebiam, por simpatia ao empresário Eike Batista, ou por ingerência do ex-governador Sérgio Cabral, acusado de corrupção, dadivosas doações a serviços sociais que - não podemos deixar de reconhecer - foram bem feitas. Mas os privilegiados que dirigem essas entidades devem ter consciência de que esse dinheiro roubado era do povo.

Muitos podem ter sido beneficiados por essas doações. Mas e aqueles que não foram atendidos nos hospitais, que ao perderem o emprego não puderam comprar remédios para si, nem para seus parentes? Muitos mais devem ter morrido.

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Esses privilegiados da filantropia com dinheiro do povo devem ter consciência de que suas entidades filantrópicas também não lhes pertence, pois tudo que está nessas entidades foi roubado do povo.

Atualmente, se lê nos jornais que o Ministério Público cobra o bloqueio de R$ 1,026 bilhão do patrimônio de Eike, apenas para pagamento de multa, por ter sido um insider.

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O que é um insider? São aqueles que, dotados de informações privilegiadas dos bastidores da política, se privilegiam derrotando quem está honestamente no mercado. Que, por razão da desonestidade do vencedor, foi destruído ou perdeu algum negócio importante. Ser um insider é o mesmo que ganhar uma competição olímpica sob efeito de doping.

É pedida a reflexão daqueles que se beneficiaram e receberam da filantropia corrupta. Que vejam quantos foram destruídos pela corrupção. Vejam o estado dos hospitais, que não podem tratar nenhum doente. Se envergonhem.

São mais justos os traficantes que fazem filantropia em suas comunidades, pois o que roubam não é do povo. Contrariam a lei mas não prejudicam diretamente a população, pois não tiram o dinheiro destinado aos hospitais e às escolas.

Eike e o Imposto de Renda

O que há de se ver é se esse dinheiro das doações foi declarado no Imposto de Renda de Eike. Afinal, um relatório da Receita Federal que analisa as declarações das contribuições dele, divulgado na segunda-feira (30), apontou uma forte queda na renda anual do ex-bilionário. O rendimento bruto declarado por Eike, outrora um dos homens mais ricos do mundo, passou de R$ 4 bilhões, em 2008, para R$ 1,3 milhão em 2015.

O relatório levantou a suspeita de que Eike tenha contas não declaradas no exterior, já que, em dois anos (2010 e 2013), sua movimentação bancária é bem menor do que a renda declarada.