ASSINE
search button

Obras faraônicas e gastos desnecessários põem Rio no precipício

Compartilhar

O alerta que o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, fez nesta terça-feira (25) joga luz sobre as nebulosas contas do antiga administração da Prefeitura, e traz à tona uma preocupante realidade para a economia do município.

Crivella alertou que o Rio poderá não ter dinheiro para pagar o funcionalismo em setembro se não renegociar dívidas com o BNDES e com a Caixa. Crivella culpou os gastos excessivos feitos pela administração passada, do ex-prefeito Eduardo Paes, com obras para as Olimpíadas pelo descontrole financeiro.

“Segundo o Tesouro, se vocês consultarem na prefeitura, em setembro já não há mais caixa para pagar os salários. A prefeitura está vivendo uma crise imensa, nunca viveu nos últimos 30 anos, em decorrência de uma administração temerária e muitas obras e também de uma queda de arrecadação por conta da crise do estado. A atividade econômica está muito fraca, há 350 mil desempregados só na cidade do Rio de Janeiro”, disse Crivella.

"O Rio de Janeiro, neste momento, não pode arcar com R$ 1 bilhão de pagamento de empréstimos para as Olimpíadas. Eu tenho que dar prioridade ao pagamento do salário das pessoas, da saúde e da merenda das crianças na escola. Espero ter uma resposta deles agora no mês de maio, para não ter que atrasar salário.”

Crivella também alertou sobre a situação do sistema de Previdência dos servidores municipais. "Está quebrada. É bom fazer esta denúncia publicamente. É uma pena, pois havia bilhões que foram gastos nessas euforias, obras de Olimpíadas, etc, colocando em risco o pagamento de aposentados e pensionistas.” O presidente do PreviRio, Luiz Alfredo Salomão, afirmou que o cofre do fundo está contabilmente comprometido até 2018.

A estimativa é que os Jogos do Rio-2016 tenham custado cerca de R$ 39 bilhões. Os cálculos contudo não contam com dados da Prefeitura do Rio. O prazo dado para a apresentação dos custos finais da Olimpíada não foi cumprido e o relatório que seria apresentado no fim de março pela Autoridade Pública Olímpica não foi divulgado.

Olhando o cenário do Rio hoje, e o volume de dinheiro gasto sem transparência pela administração passada, o futuro próximo fica cada vez mais preocupante.

Como se não bastasse, há gastos elevados e sem a menor utilidade, como os VLTs no Centro do Rio, cujo custo anual de manutenção é de cerca de US$ 96,3 milhões. Não desafogam o trânsito, tem circulação restrita e custam muito caro aos cofres públicos. “O VLT custou cerca de R$ 1,15 bilhão, oficialmente. Metade do dinheiro vem de financiamento público, a outra metade de uma parceria público-privada. Ou seja, mais ou menos metade é pago pela gente de novo. Pagamos por volta de 75% do VLT. Todos os cariocas pagaram para valorizar apenas a região da Zona Portuária”, criticou o professor de MBAs em sustentabilidade da FGV e UFRJ e urbanista Carlos Murdoch, em recente entrevista ao JB.

Diante de todo este cenário, não há dúvidas de que a saúde, o salário e a educação devem ter prioridade absoluta. De que adianta um VLT circulando se o servidor pode ficar sem dinheiro, se pode faltar remédios nos hospitais ou professores nas escolas?

É uma vergonha que o Rio de Janeiro esteja passando por este momento tão crítico, e a administração passada insista que os números estejam em dia. A irresponsabilidade de quem colocou o Rio neste estado não pode passar em branco. E não passará. A verdade está vindo à tona na mesma velocidade e com a mesma intensidade com que as mentiras destruíram a cidade.