As declarações do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, insistindo com a aprovação da reforma da Previdência, âncora de salvação do país, são de surpreender qualquer analista. Principalmente sabendo da vivência política do ministro, tendo servido por oito anos o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e presidindo o conselho da empresa que, junto com a Petrobras, destruiu a imagem do Brasil.
Na Petrobras a responsabilidade da crise - assim como aconteceu no impeachment - foi atribuída a Dilma Rousseff, porque presidiu o conselho da estatal. No caso da JBS, pode se considerar que houve uma promoção para Meirelles, que depois foi para o Ministério da Fazenda. Com certeza, Meirelles nunca soube o que acontecia lá.
Hoje, 75% do povo não acredita no Congresso. Mas o ministro acredita, esperando que a reforma da Previdência seja aprovada por ele.
E se não for, Meirelles está salvo. A responsabilidade, afinal, é do Congresso, e dos políticos que comandam o país do Palácio do Planalto. Se a reforma não for aprovada, é porque eles não tiveram força. Meirelles fica isento, e continua candidato.
Além de Meirelles não ter a mesma opinião que o povo tem do Congresso, também não deve ter lido - ou acreditar - no ex-ministro Delfim Netto, que nesta quarta-feira publica artigo na Folha de S. Paulo alertando para a iminente crise social no país.
Já no passado, quando Delfim defendia a desvalorização maior do real para que a indústria paulista não quebrasse, a indústria paulista quebrou.
Hoje, não passar a reforma da Previdência é Meirelles se isentar da responsabilidade.