ASSINE
search button

Festa para Meneses

Recital do Violoncelista Antonio Meneses e pianista Cristian Budu

Compartilhar

 Crítica

Dia 26 de agosto de 2016 às 20h na Sala Cecília Meireles 

Ouvir o violoncelista Antonio Meneses é um ato de pura admiração ao grande artista, que é o exemplo máximo de uma carreira desenvolvida em crescendo, isso porque Meneses sabe da excelência de sua arte, considerado como um dos maiores violoncelistas da atualidade. Após ganhar o 1º prêmio e a Medalha de Ouro do Concurso Tchaikovsky, em 1982, em Moscou, e após ter dividido o mesmo palco com o célebre maestro Herbert von Karajan e a Orquestra Filarmônica de Berlim, a qualidade do artista se tornou cada vez mais exuberante, com sua técnica perfeita, afinação irretocável, e a profundidade dos grandes.

Sua fraseologia é impecável, tudo é claro, micro e macro linhas,estão todas expostas. É sóbrio ao tocar, com um postura de quem serve a arte, é muito claro testemunhar que o seu cérebro domina suas mãos que traduzem os diferentes estilos com uma especial maestria. Menezes é um grande definitivamente.

O Adagio e Allegro Op.70 de R.Schumann começou a delinear um programa que seria um sucesso, porque além de tudo, Antonio é muito querido e apostamos no seu êxito sempre. A sobriedade de Antonio é constrastada com alguns excessos de movimentos da parte do pianista Cristian Budu. A Sonata Op.38 de J.Brahms, uma página tradicional na literatura de música de câmara, foi transmitida perfeita pelas mãos de Antonio Meneses, com fraseados lindíssimos e uma sonoridade redonda e muito bem delineada e pensada. Agora sentimos falta de uma fluência mais natural, no piano de Budu, da mesma forma que não deve e nem precisa arpejar acordes e separar as duas notas das oitavas, sempre na mão esquerda, não foi isso definitivamente que Brahms escreveu e o intérprete tem que ser fiel ao que o compositor escreveu, sem nenhum tipo de co-composição, sobretudo em uma página de um gênio como Brahms.

Sua sonoridade é bonita, mas Brahms requer uma sonoridade redonda e não metálica em certas partes. A palheta sonora tem que ser maior,sem dúvida.

O Menuetto, começado pelo piano, no segundo movimento da obra, foi um pouco rápido e deve ouvir mais o violoncelo, sobretudo nas partes onde a melodia está em uníssono, isto é, trechos com o mesmo som. No terceiro movimento, o tema da fuga deve aparecer sempre destacado, porque é o tema principal e por vêzes era colocado em segundo plano em detrimento de notas menos importantes executadas na mão direita. Nos trechos solo rubatos não são desejáveis e os sforzandos, termo que requer a execução de um forte súbito,por exemplo, foram esquecidos e são muito expressivos logo em Brahms.

A segunda parte teve a execução das Cenas Cariocas de José Guerra Vicente, obra bem interessante e muito bem realizada, seguindo a Pampeana nº2, bela obra de A.Ginastera que foi executada com louvor pelos artistas, finalizando o programa com o Le Gran Tango de Ástor Piazzolla, arrancando os bravos finais de uma platéia que lotou a Sala Cecília Meireles. Os artistas brindaram a platéia com duas obras de Ginastera e Bach,como bis.