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Terça, 6 de maio de 2025

Os 50 anos do Jogo da Amarelinha

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Em 1963, o escritor argentino Julio Cortázar escrevia “Rayuela”, em tradução livre, “Jogo da Amarelinha”, considerada a sua obra máxima. Uma metalinguagem literária, onde o assunto principal do livro é o próprio livro. A alusão ao jogo da amarelinha consiste na possibilidade que o autor dá ao leitor de ir e vir entre as páginas da obra, ou seja, de brincar com os capítulos do livro, escolhendo se inicia a sua leitura pelo capítulo 1 ou se começa no capítulo 73 e obtém outra perspectiva da história contada, orientada pelo próprio escritor no decorrer do romance.

Ao lado de Jorge Luis Borges, Cortázar foi avaliado como o principal, além de inovador e original, representante da literatura argentina. Iniciou, no entanto, a sua vida literária fazendo traduções e ensinando. Percorreu o mundo conhecendo, assim, Chile, Costa Rica, Cuba, e Paris, cidade onde viveu grande parte da sua vida, para fugir do governo de Perón, e também aonde viria a falecer em fevereiro de 1984. Na política, a vida do escritor argentino, nascido na embaixada argentina de Bruxelas, foi um mistério, devido, principalmente, à fragilidade dos rótulos da época. Enquanto alguns o achavam um legítimo esquerdista, outros o julgavam de ser um agente do imperialismo. Na literatura, especializou-se no conto curto e na prosa poética e traduziu a prosa completa de Edgar Allan Poe. Criou novelas que deram início a uma nova forma de fazer literatura na América Latina, como a própria “Rayuela”.

Escreveu, ainda, “O livro de Manuel”, “Histórias de cronópios e de famas”, “Os reis”, “Prosa do observatório”, “Octaedro”, “Bestiário”, o seu primeiro livro de contos, “Final de jogo”, obra que trouxe o seu nome a público, entre outros. Sua última obra publicada ainda em vida foi “Os Autonautas da Cosmopista”, lançado em 1982, escrito em colaboração com a sua companheira, Carol Dunlo. Em 2009, a Alfaguara lançou “Papeles inesperados”, um livro póstumo de Julio Cortázar. O arsenal literário deixado por Cortázar é um rico, e clássico, acervo de grandes obras para a literatura internacional.

 

Antônio Campos, advogado, conselheiro Federal da OAB, editor, escritor, membro da Academia Pernambucana de Letras e curador da Fliporto. 

camposad@camposadvogados.com.br.