Uma rotina frequente nas profissões, buscar jovens talentos, principiantes, estudantes ainda sem os vícios e obrigações das exigências do mercado. Na primeira edição do concurso Jovens Talentos Moda Senac, sob a orientação de Claudio Silveira, diretor do evento Dragão Fashion, de Fortaleza, o que se viu na elegante sala do MAM _ Museu de Arte Moderna RJ _ , superou a tradição de projetos fantasiosos ou precariamente produzidos. Foi uma demonstração de reais talentos para a moda, o que deve ter sido uma decisão difícil para o júri encarregado de escolher os melhores depois de sete meses de trabalho, na final realizada na quarta-feira.
Claudio Silveira prometeu um evento grandioso de moda autoral original dos polos criativos do interior do estado em 2020 no Rio de Janeiro, “e venho com dinheiro, com o patrocínio da ENEL, que também participa do Dragão”, afirmou, enquanto conferia os preparativos do desfile.
Direto do camarim
No camarim liderado pela produção de Rogerio S e as equipes de beleza do próprio Senac, os finalistas contavam detalhes de suas criações. João Freitas intitulou sua coleção de Urbanatural, com três looks de perfeita alfaiataria em linho com estampa própria, inspirada pela arquitetura do conjunto Pedregulho, o MAC e o Palácio Capanema. Marcella dos Santos lembrou a carioca baladeira, que sairia colorida em tules e paetês, desafiando o machismo. Matheus Marques trouxe inspiração da influência francesa. “Pesquisei a Casa França-Brasil, o Cristo Redentor e acabei me fixando nas cores e detalhes do Theatro Municipal, similar à Opéra Garnier de Paris”. De capa com grafite nas costas, Wagner Oliveira se sentia como um muro trabalhado pelo grupo Trappa Rio, fonte de ideias para seus vestidos e vestes coloridas, com personagens conhecidos das paredes cariocas, dignos de serem rotulados como Wearable Art e serem expostos em galerias de arte. Detalhes coerentes: as modelos desfilaram de máscaras protetoras usadas pela maioria dos grafiteiros e carregavam bolsas para levar as latas de spray, criadas pelo Wagner. Anna Terra Fiquene ainda no camarim já encantava pelas estampas carimbadas de azulejos e pelo sutil bordado de uma Nossa Senhora representando a fé, na saia longa preta, inspirações advindas da História do Rio e de seu estado de origem, o Maranhão. Outra alfaiataria perfeita, da Andreza Gomes, se mostrou nas vestes com estampa feita à mão, sobre linho. A preocupação com o sustentável ficou evidente na bermuda em tons de azul, “foi feita com vestidos antigos da minha mãe”, contou, sobre o tema que falava da maneira do jovem carioca produzir e consumir.
Importância dos bastidores
Além dos criadores, o concurso premiou alunos e ex-alunos de modelagem, costura e produção, devidamente apresentados e aclamados pelo presidente da Fecomercio, Antonio Florêncio de Queiroz Júnior, pela diretora do Senac, Ana Claudia Martins, vinda do sucesso da direção de Fortaleza para agitar a instituição no Rio, Leana Braga, gerente de moda e o designer Vitorino Campos, que enfatizaram a importância de quem fica nos bastidores da moda.
Os criativos premiados
Após o desfile das três peças de cada concorrente ficou confirmada a dificuldade de escolher os vencedores. O juri destacou Marcella dos Santos em terceiro lugar, Wagner Bittencourt em segundo e João Feitas em primeiro e também como destaque do concurso. O primeiro lugar em produção foi para Hugo Abade, em modelagem, para Vanessa Nascimento e em costura, para Carla Quixaba. Além dos talentos de styling, esta parte da festa teve o mérito de mostrar parte das boas coleções da ESC, da Foxton (excelente trabalho da Eduardha Baldanza na produção) e da grife Karamelo, além dos tênis da Vert e dos sapatos da Melissa, que complementaram vários looks.