Após temporada de sucesso em 2018, o Grupo Roda Gigante reestreia o espetáculo “Sobre o que não sabemos” no Espaço Cultural Sérgio Porto, em Botafogo, Zona Sul do Rio, onde fica em cartaz até 1º de setembro. Compreendendo a arte como um bem público e transformador de realidades, o terceiro trabalho do grupo é originado de um processo coletivo de pesquisa-encenação, e leva para a cena alguns questionamentos e reflexões a partir das intervenções em enfermarias de hospitais públicos cariocas e suas reverberações. A partir disso, surgiu um espetáculo inédito sobre o não saber das coisas diante da vida e da morte, contando com Denise Stutz em sua primeira direção para o coletivo.
“Este trabalho tem me alimentado e me faz pensar em muita coisa, como qual é o lugar e o suporte do teatro, como e onde leva-lo, e ainda em como usar a palhaçaria num lugar fora das enfermarias, dentro de outro contexto. Isso é desafiador e me coloca num lugar de aprendizado”, reflete Denise, bailarina, coreógrafa e uma das fundadoras do Grupo Corpo.
Tema central da montagem, o “não saber” tem em si tanto o poder de tornar as pessoas imóveis, quanto o de impulsioná-las. Em uma época onde cada vez mais conhecimento é poder, Cristiana Brasil, Diogo Cardoso, Eber Inácio, Florência Santangelo, Kadu Garcia e Marcos Camelo, os integrantes do Roda Gigante, trazem para a cena a inadequação mais atual possível: sobre o que não sabemos.
“O espetáculo tem esse nome porque fala desde o lugar da criação, onde não sabemos exatamente para onde ir, e passando também pelo trabalho no hospital com os pacientes, porque não sabemos o que vai acontecer após começarmos. É, também, um questionamento desta estrutura de criação, para onde pode ir essa célula que estamos criando dentro da concepção do espetáculo”, explica Kadu.
Respaldados pelo conteúdo adquirido ao longo dessa década, o texto é uma criação coletiva. “Desde o começo buscamos transformar as histórias que víamos, sem identificar exatamente o que seriam. Não temos uma história linear, mas fragmentos de acontecimentos do cotidiano pinçados pelo olhar da Denise”, complementa Diogo.
Nas observações de Cristiana, hospitais são espaços recheados de muitas pessoas e histórias, de todas as ordens e esferas, que se atravessam em muitos corredores. “Nós fazemos a intervenção na enfermaria e saímos. A Denise foi nos assistir e, após a nossa saída, permaneceu por alguns momentos. Essa reverberação do trabalho é a parte que o ator não conhece, é o que fica por ali depois que saímos”, analisa.
“Busquei provoca-los usando a minha observação sobre coisas que passam ou surgem dentro do hospital, que é um ambiente muito forte. Ao mesmo tempo, comecei a perceber como o teatro me fazia lembrar uma sala de espera hospitalar: as pessoas sentadas, esperando alguma coisa acontecer, assim como a plateia no teatro. Você senta e espera o acontecimento”, encerra Denise.
Serviço: “Sobre o que não sabemos” / Local: Espaço Cultural Sérgio Porto / Endereço: Rua Humaitá, 163 - Humaitá - RJ / Temporada: até 1º de Setembro / Horários: Sextas e sábados - 20h30 e domingos - 19h / Ingressos: R$ 20 (inteira) / R$ 10 (meia-entrada) / Classificação: 16 anos / Duração: 50 minutos / Gênero: Drama-comédia / Tel.: (21) 2535-3846