Os organizadores do Festival de Berlim divulgaram os filmes da mostra competitiva oficial de sua 70ª edição, cujo júri será presidido pelo ator britânico Jeremy Irons, de 72 anos. “Todos os Mortos”, de Marco Dutra e Caetano Gotardo, integra a seleção dos filmes da mostra e vai disputar o Urso de Ouro.
O filme da dupla de diretores é um drama de época que retrata três mulheres na passagem do século 19 para o 20. Reféns das memórias da fazenda da família, elas não conseguem acompanhar a modernização que acomete São Paulo no período. Dutra é autor de “As Boas Maneiras” e “Trabalhar Cansa”. Gotardo se notabilizou pela produção intimista em especial, “O que se move”, seu longa de estreia.
Sem conseguir disfarçar sua emoção, Dutra falou com o JORNAL DO BRASIL por telefone, expressando sua alegria com a seleção do seu filme para disputar o Urso de Ouro.
“Estou extremamente feliz e emocionado, principalmente num ano com tantos brasileiros participando de mostras no festival”, declarou o diretor paulista de 40 anos.
O programa da competição inclui 18 filmes de 18 países, com 16 estreias mundiais – no qual também se destacam Le Sel des Larmes, de Philippe Garrel – França / Suiça; Days, de Tsai Ming-Liang – Taiwan; The Roads Not Taken, de Sally Potter - UK; Undine, de Christian Petzold – Alemanha /França; e Siberia, do polêmico Abel Ferra – Itália / Alemanha/ México.
A Berlinale Special também já está concluída com mais quatro títulos confirmados.
Ao fazer o anúncio, Carlo Chatrian, diretor artístico do festival, disse que os filmes da competição contam histórias íntimas e impressionantes, individuais e coletivas, que têm um efeito duradouro e ganham impacto na interação com o público.
“Se há predominância de tons sombrios, isso pode ser porque os filmes que selecionamos tendem a olhar para o presente sem ilusão. Não para causar medo, mas porque querem abrir nossos olhos. A confiança que o cinema deposita na humanidade é ininterrupta – tão ininterrupta que os vê como seus protagonistas”, comentou Chatrain.
“My Salinger Year”, do canadense Philippe Falardeau, dará partida em 20 de fevereiro ao festival, que vai até o dia 01 de março.
Veja abaixo os títulos anunciados da Competição e da Berlinale Special
Competição
Berlin Alexanderplatz, de Burhan Qurbani – Alemanha / Holanda
DAU. Natasha, de Ilya Khrzhanovskiy, Jekaterina Oertel – Alemanha / Ucrânia / UK / Federação Russa
The Woman Who Ran, de Hong Sangsoo – República da Coréia
Delete History, de Benoït Delépine, Gustave Kervem – França / Bélgica
The Intruder, de Natalia Meta – Argentina / México
Favolacce, de Damiano & Fabio D’Innocenso – Itália / Suiça
First Cow, de Kelly Reichardt – EUA
Irradiés, de Rithy Panh – França / Camboja
Le Sel des Larmes, de Philippe Garrel – França / Suiça
Never Rarely Sometimes Always, de Eliza Hittman – EUA
Days, de Tsai Ming-Liang – Taiwan
The Roads Not Taken, de Sally Potter – UK
My Little Sister, de Stéphanie Chuat, Véronique Reymond – Suiça
There is No Evil, de Mohammad Rasoulof – Alemanha / República Tcheca / Irã
Siberia, de Abel Ferrara – Itália / Alemanha / México
Todos os Mortos, de Caetano Gotardo, Marco Dutra – Brasil / França
Undine, de Christian Petzold – Alemanha França
Hidden Away, de Giorgio Diritti – Itália
Berlinale Special
Os filmes abaixo completam o programa já divulgado anteriormente, num total de 20 filmes de 19 países, sendo 15 premières mundiais.
Onward, de Dan Scanlon – EUA- animação
Curveball, de Jahannes Naber – Alemanha
DAU.Degeneraration, de Ilya Khrzhanovskiy, Ilya Permyakov – Alemanha / Ucrânia / UK / Federação Russa – documentário
Speer Goes to Hollywood, de Vanessa Lapa – Israel – documentário
BRASILEIROS
Além de “Todos os Mortos”, na mostra oficial, o Brasil integra várias paralelas, totalizando 18 filmes em produções e coproduções.
Na Panorama
“Cidade Pássaro”, de Matias Mariani; “O Reflexo do Lago”, de Fernando Segtowick; “Vento Seco”, de Daniel Nolasco; e Rã, de Julia Zakia e Ana Flávia Cavalcanti, que concorrerá na mostra de curta-metragem
O cineasta brasileiro Karim Aïnouz, radicado em Berlim, apresentará seu novo filme Nardjes A. (coprodução com Argélia e França).
Na Geração
“Meu nome é Bagdá”, de Caru Alves de Souza; “Alice Júnior”, de Gil Baroni; e “Irmã”, de Luciana Mazeto e Vinicius Lopes.
Na Fórum
“Luz nos Trópicos”, de Paula Gaitán; e “Vil, Má”, de Gustavo Vinagre.
Na Fórum Expanded
Apiyemiyeki?, de Ana Vaz (produção com França / Holanda e Portugal);
(Outros) Fundamentos, de Aline Motta; Jogos Dirigidos, de Jonathas de Andrade; Vaga Carne, de Grace Passô e Ricardo Alves Jr.; e Letter from a Guarani Woman in Search of Her Land Without Evil, de Patrícia Ferreira, que é considerada a representante mais ativa do cinema indígena brasileiro.
Produções conjuntas
Além de Nardjes A., o Brasil marca presença ainda nas coproduções:
“ChicoVentana también Quisiera tener un Submarino”, de Alex Piperno – coprodução brasileira Desvia (Uruguai /Argentina / Holanda / Filipinas (Fórum); Los Conductos, de Camilo Restrepo – Colômbia – coprodução brasileira If You Hold a Stone (Encounters); e Un Crime Común, de Francisco Márquez (Argentina), coprodução brasileira Multiverso (Panorama).