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Pan 2007: prova de fogo para o esporte brasileiro

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Frederico Zartore, Agência JB

RIO - Os Jogos Pan-Americanos do Rio, mais do que um evento esportivo com visibilidade internacional, é uma prova de fogo para os atletas brasileiros que, na sua maioria, precisam se equilibrar na corda bamba para se manterem firmes no esporte. São muitos os talentos que encontram dificuldades financeiras e têm condições físicas de participar de um evento dessa magnitude, mas nem sempre é possível vencer essa barreira. Mesmo aqueles que conseguem vencer, chegam desgastados emocionalmente e não desenvolvem plenamente seu potencial. As competições exigem 100% da capacidade física e mental do atleta e para que isso ocorra, é preciso uma infra-estrutura profissional que propicie condições favoráveis para um alto nível de concentração, desenvolvimento e consequentemente a superação.

A infra-estrutura básica oferecida pelas confederações, que são responsáveis pelos atletas nas competições, muitas vezes são amadoras e permitem que grandes promessas do esporte mundial abandonarem o esporte por falta de investimentos. São muitos os que dividem a carreira esportiva com a carreira de profissional liberal e após uma jornada de oito horas de trabalho, se dedicam aos treinamentos.

É o caso de André Cordeiro, o Pará, de 39 anos, goleiro da seleção brasileira de pólo aquático que trabalha em horário comercial fazendo visitação para prospeção de poço artesiano e, nos períodos da manhã e à noite, se dedica aos treinamentos.

- É bastante complicado pois o tempo que tenho para me recuperar fisicamente dos treinos, acabo tendo que viajar a trabalho. Hoje eu treinei de manhã e estou indo à São Paulo de carro para fazer uma visita a um cliente - diz.

A quantidade de atletas que o Brasil perde devido a essa triste realidade é incalculável. A canoagem brasileira corre o risco de perder uma das grandes promessas do esporte na modalidade. O canoísta Nivalter Santos, de 19 anos, que a dois anos integra a equipe brasileira de canoagem, foi medalha de ouro no Sul-Americano da Argentina em 2006 e é o responsável pela melhor colocação do Brasil em mundiais, conquistando o 10° lugar no mundial disputado na Hungria.

Esse fenômeno do esporte encontra dificuldades para aprimorar seu condicionamento físico devido a falta de recursos. Nivalter está em busca de patrocinadores que proporcionem condições ideais para sua preparação atlética.

- Preciso fazer um acompanhamento com um nutricionista e melhorar minha alimentação. Meu condicionamento físico também pode melhorar com exercícios específicos de musculação, mas sem ajuda fica difícil - afirma.

Não só essa preocupação atormenta o jovem canoísta. Devido as dificuldades financeiras, Nivalter cogita a possibilidade de parar, procurar um emprego e ajudar a mãe.

- Às vezes penso em arrumar um emprego para ajudar mais em casa - acrescenta.

Nivalter é uma das apostas de medalha no Pan. Atualmente o atleta recebe uma ajuda de custo de R$ 600 por mês da Confederação de Canoagem.