Frederico Zartore, Agência JB
RIO - O quê que a paulista tem? Esta é pergunta mais freqüente dos integrantes do fã-clube de Marianne Steinbrecher, jogadora da seleção brasileira de vôlei. Conhecida como a mulher de gelo , pela postura séria em quadra e pelo seu jeito tímido de comemorar os pontos e as vitórias, Marianne desponta como uma das jogadoras mais carismáticas da equipe, mesmo com toda frieza aparente.
A comprovação deste fato está na presença das torcedoras inveteradas de Mari nos jogos da seleção, no Pan do Rio. Fundadoras de uma comunidade no Orkut, as fãs da ponteira/oposto vieram de diversas regiões do Brasil para ficar mais perto do seu ídolo e conseguir entregar quatro camisas personalizadas para a atleta e seus familiares.
- Trouxemos camisas com a foto da Mari e o nome do nosso fã-clube para entregar a ela, tomara que dê torce Melyna Lins, que veio de Belém para ver de perto a jogadora.
Já a mineira Jéssica Gabellini, trouxe uma medalhinha de ouro com o formato de uma bola de vôlei e com o nome da atleta no verso, para dar de presente.
- Pensei em um presente delicado que ela possa usar durante os jogos para trazer sorte explica a esperançosa torcedora.
Segundo todas as componentes presentes no ginásio do Maracanãzinho, para assistir a partida entre Brasil e México, o interesse pela atleta começou em 2004, nas Olimpíadas de Atenas, quando Mari, aos 20 anos, ficou marcada na derrota para a seleção russa na semifinal por não conseguir definir a partida em quatro oportunidades que teve, mesmo tendo feito um bom campeonato. Na ocasião o time brasileiro vencia por 24 a 19 e tinha a chance de fechar a partida em 3 sets a 1 e avançar à final.
- Crucificaram a Mari naquela partida injustamente. A imagem dela deitada na quadra, chorando, está marcada até hoje na minha memória lembra Bruna Terra, que acompanha Mari desde o início de sua carreira, quando ela defendia o Finasa|Osasco.
A derrota para a Rússia realmente foi marcante na carreira da atleta, que não gosta de falar sobre o assunto, mas a superação veio com o tempo e muita determinação. Em 2006, Mari foi eleita a melhor jogadora da Copa Pan-Americana, competição realizada em Porto Rio, onde o Brasil sagrou-se campeão.
Principal aposta do técnico da seleção, José Roberto Guimarães, a jogadora recebeu um convite do comandante brasileiro para defender o milionário time italiano Scavollini|Pesaro, time em que atua a oposto Sheila Tavares, e que neste ano foi campeão da Supercopa Italiana e ficou em terceiro lugar na Liga Italiana.
- Ela jogou muito neste primeiro semestre, foi a maior pontuadora em várias partidas conta Bruna E olha que a levantadora nem espeta muita bola para ela diz a fã, referindo-se a uma possível inimizade entre as companheiras de clube.
Defensora de que a atleta tem lugar fixo na seleção, a carioca Ana Paula Pereira, que acompanha o que a imprensa italiana noticia sobre a jogadora, cita uma matéria em que um site especializado diz que tudo o que Mari toca vira ouro.
- Com ela não tem bola perdida, de onde bater a bola entra conta Ana Paula, que está há quatro dias sem dormir e corre o risco de perder o emprego Faltei três dias no trabalho, não sei no que vai dar completa.
O sacrifício parece valer a pena. Certas de que Mari será a melhor jogadora brasileira nas Olimpíadas de Pequim, elas têm a esperança de que irão conseguir ter um encontro com a atleta ainda este mês, nos Jogos do Rio, para oficializar o fã-clube.
- Já fomos até a Vila Pan-Americana, mas não conseguimos acesso às jogadoras revela Cilmara.
Surpresa com o assédio, Marianne Steinbrecher se diz honrada com tanto carinho das torcedoras, mas confessa que fica um pouco assustada com tanta adoração.
- É uma honra saber que existem pessoas que admiram o meu trabalho, mas é tudo muito novo para mim. Confesso que às vezes fico um pouco assustada com a proporção disso tudo afirma a atleta.
O fã-clube de Mari fez a compra antecipada dos ingressos para assistir todos os jogos da seleção feminina de vôlei, que já está na fase semifinal e vai disputar a vaga na final contra a seleção norte-americana, nesta quarta-feira, às 15 horas. O Brasil fechou a primeira fase na liderança do Grupo A com três vitórias, sem perder nenhum set.