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Vila Isabel canta seu filho mais ilustre

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Evelyn Soares, Jornal do Brasil

RIO - Boêmio por natureza e músico de mão cheia, o Poeta da Vila completaria neste ano cem anos de vida. Comemorando a breve e rica vida de Noel Rosa, a Unidos de Vila Isabel desfila na terça-feira de Carnaval com o samba Noel: a presença do poeta da vila, composto por Martinho da Vila, outro imortal da escola.

No bairro que ficou famoso, Noel foi eternizado por uma estátua no início da Avenida 28 de setembro. Nas calçadas da mesma via, pedestres caminham sobre as notas de diversas canções, como O feitiço da Vila, desenhadas em pedras portuguesas.

Um sambista com tamanha importância para a música já teve o nome citado em vários sambas-enredo. Mas nenhum deles foi dedicado exclusivamente à sua vida explica Alex Varela, historiador que passou um ano pesquisando a história do boêmio.

A homenagem não recebeu patrocínio, por mais que o sambista faça parte da tradição e da cultura carioca.

Vida na avenida

Em 1910, quando nasceu, o cometa Halley cruzou os céus e a Revolta da Chibata estourou no Brasil. Esses fatos compõem o carro abre-alas, que também vem com decoração natalina: anjos com o chapéu de malandro e o inseparável violão. A alegoria, com dois carros acoplados, tem impressionantes 30 metros.

Alex de Souza (que está na Vila há três Carnavais) escolheu mostrar os principais pontos da vida de Noel em cada ala conta Wilson da Silva Alves, superintendente-geral e um dos membros da comissão de Carnaval.

O terceiro setor é um dos mais especiais, pois nele a escola falará da integração do morro com o asfalto através de Noel. Uma surpresa está guardada para o público: um instrumento de percussão se transformará numa favela.

Outro ponto alto do desfile é o tripé que mostra a última composição do duelo musical com Wilson Batista, Frankstein da Vila. O monstro sairá de dentro de uma vitrola, segurando Wilson pelo lenço preso ao pescoço.

No ritmo certo

No barracão, os 220 funcionários trabalham em rotina normal, já que não há nada atrasado. Quase todas as 3.600 fantasias, todas usadas por membros da comunidade, estão prontas, mas partes de carros alegóricos ainda serão arrematadas. Thiago de Camargo, de 24 anos, afirma que, algumas vezes, passou suas oito horas de trabalho em cima de uma escada, colando adereços.

Para tudo estar afinado, os ensaios não param. A comissão de frente é treinada por Marcelo Misailidis, primeiro bailarino do Theatro Municipal. Ele também ajuda Julinho e Rute, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola.