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Eleições 2010: comparações inevitáveis

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Fernando Ferro *, Jornal do Brasil

BRASÍLIA - Nas campanhas eleitorais só não ocorrem comparações quando elas são realizadas na Lua. A discussão sobre esse assunto pautada por setores da imprensa é, portanto, bizantina. Se mais não fosse porque quem traça a tática e a estratégia de cada candidatura é o partido e a aliança que a sustenta.

Seria, com efeito, absolutamente esquisito se a tática da candidatura do PT fosse ditada por FHC ou por alguns de seus muitos aliados nos meios de comunicação. A campanha da ministra Dilma Roussef declina gentilmente das contribuições provenientes do campo da direita, inclusive porque ela dispõe de um acervo de realizações e de elaborações mais que suficientes para a construção de um discurso sólido. Ao contrário das viúvas do Consenso de Washington, que depois da queda do muro de Wall Street ainda hoje estão ao desamparo e sujeitos a surtos de desatino.

Embora a comparação entre os governos FHC e Lula seja imensamente favorável a Lula, esse certamente não será o único tema a ser abordado pela campanha do PT e de seus aliados. É claro, no entanto, que nem FHC, nem seus aliados na imprensa dispõem de força suficiente para calar a militância do PT e dos partidos aliados sobre este ou sobre qualquer outro assunto.

Evidente que artigos e declarações de FHC contendo ataques ao governo, ao presidente Lula, à ministra Dilma, ao governo e ao PT contribuem para viabilizar nossa tática de dar à eleição um caráter plebiscitário e serve também para colocar na pauta a lembrança do desastre que foi o governo FHC. O PT agradece a contribuição involuntária de FHC. Mas não deixa de perceber que ele é secundado por velhos coronéis que proferem grosserias reveladoras de seu DNA.

Mas quem certamente fica constrangido com as intervenções de FHC é José Serra que, agora, como em 2002, não quer assumir o legado de cinzas de seu amigo e tampouco quer confronto com a imensa popularidade do presidente Lula. Isso é compreensível, pois José Serra é candidato a Presidente da República e FHC é candidato apenas a salvar sua combalida biografia.

O PT e seus aliados seguirão em frente, articulando suas alianças com outros partidos e com os movimentos sociais, debatendo projetos gerais e setoriais e mobilizando as diferentes militâncias para começar a campanha pela eleição de Dilma Presidente da República.

O PT certamente não terá dificuldade em defender o governo Lula, um governo que retomou o crescimento econômico, com inclusão social em larga escala, com inflação sob controle, expansão da oferta de emprego, eliminação da dívida externa e redução substancial da relação dívida pública/PIB.

Para cumprir esta tarefa, o PT e seus aliados contarão com a ajuda da maioria do povo brasileiro que identifica no governo Lula o responsável pela melhoria de sua qualidade de vida, na elevação de nossa auto-estima e na ampliação da projeção internacional do país, como potência emergente, pacífica, próspera e independente.

Mas o partido pode muito bem tratar de outros assuntos, dos investimentos do PAC à defesa do Bolsa Família, passando por outros programas como a ampliação do Pronaf, o Luz para Todos, o Pró-Uni, entre outros.

O PT pode debater qualquer questão da política externa de pés descalços dos tucanos à política externa independente do governo Lula. Da Copa do Mundo de 2014, às Olimpíadas do Rio de Janeiro, de 2016, sem recusar temas tão caros aos tucanos e a seus aliados como a gripe suína, ou os alagões da Vila Romana, o Katrina de José Serra.

* Deputado Federal (PT-PE), líder do partido na Câmara