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PEQUIM - Como consequência de seu boom econômico, a China ultrapassou os Estados Unidos como maior emissor mundial de dióxido de carbono, o principal dos gases do efeito estufa, disse nesta quarta-feira uma agência financiada pelo governo holandês.
Outros especialistas estimavam que a China só iria superar os EUA nos próximos anos. A ascensão ao número 1 deve aumentar a pressão para que a China se envolva mais nos esforços da Organização das Nações Unidas (ONU) contra o aquecimento global.
"As emissões de dióxido de carbono da China em 2006 superaram as dos Estados Unidos em 8%", afirmou a Agência de Avaliação Ambiental da Holanda em nota. Em 2005, a entidade afirmava que as emissões chinesas eram 2% inferiores às norte-americanas.
"Com isso, a China encabeça a lista de países emissores de CO2 pela primeira vez", disse a nota. Com base em dados de uso de energia e produção de cimento, o relatório estima em 6,2 bilhões de toneladas a emissão total de CO2 na China em 2006. Desse total, 550 milhões de toneladas foram do cimento, importante fonte de emissões industriais.
Nos EUA, as emissões atingiram 5,8 bilhões de toneladas em 2006, sendo 50 milhões de toneladas por causa do cimento. A União Européia (UE) aparece em terceiro lugar nesse ranking, à frente de Rússia, Índia e Japão. A Agência Internacional de Energia (AIE), que assessora países ricos, disse em abril que a China deveria ultrapassar os EUA na emissão de CO2 em 2007 ou 2008.
A agência holandesa explicou que seus dados se baseiam em estimativas de uso de combustíveis fósseis da empresa BP, nos dados sobre cimento do Instituto de Pesquisas Geológicas dos EUA e nos dados energéticos até 2004 da AIE. O CO2 representa cerca de 75% dos gases do efeito estufa, um fenômeno que segundo cientistas tende a provocar mais secas, inundações e ondas de calor em diversos pontos do globo.
A economia chinesa registrou quatro anos consecutivos de crescimento na casa dos dois dígitos, e no primeiro trimestre teve expansão de 11,1% em comparação com um ano antes. A China e outros países em desenvolvimento prometem colaborar nos esforços globais contra o aquecimento, mas dizem que é cedo para falar em limites à emissão de CO2, já que o uso intensivo da energia é essencial para ajudar a tirar centenas de milhões de pessoas da pobreza.
Os países em desenvolvimento defendem que a iniciativa parta das nações que têm as maiores emissões per capita, enquanto Washington afirma que a China e outros grandes países em desenvolvimento precisam se empenhar mais. Com 1,3 bilhão de habitantes, as emissões per capita da China são apenas um quarto das dos EUA, que têm 300 milhões de habitantes.