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Diário de um otimista desmistifica transplante

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Joana Duarte, Jornal do Brasil

RIO - Eduardo Marafanti, de 55 anos, há 10 anos luta contra a leucemia mielóide crônica. Num gesto de apoio e incentivo a outros com dramas parecidos, o executivo lançou na semana passada uma obra em que narra detalhadamente os 28 dias que passou internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, condicionando-se para receber um transplante autólogo (as células foram extraídas do próprio Marafanti) de medula óssea.

Segundo a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), existem hoje cerca de 50 mil brasileiros portadores destas doenças, e para muitos, o transplante é a única chance de sobrevivência. O livro, TMO Tenha muito otimismo, o diário de um transplantado de medula óssea é distribuído gratuitamente pela companhia Bristol-Myers Squibb.

Ao todo, Marafanti se submeteu a 378 exames (mais de 17 por dia), ingeriu 25 tipos de medicamentos, e suportou bem um transplante feito por meio de 11 bolsas de hemácias com células-tronco. Embora tenha passado "quase um mês restrito ao espaço físico de um quarto", o executivo não perdeu as esperanças e o bom humor, como deixa claro no livro que tem por fim esclarecer as dúvidas e preconceitos ainda associados ao transplante.

"A coisa não é tão feia quanto parece. De uma maneira bem simplista, o TMO nada mais é do que tomar um monte de remédios", resume Marafanti, "e isso inclui a quimioterapia, fazer algumas sessões de raios-x numa grande máquina (radioterapia) e fazer algumas transfusões hemácias, plaquetas e células-tronco e nada mais".

Mas o medo tem fundamento nas porcentagens muitas vezes citadas por oncologistas.

Alexandre Azevedo, médico do centro de transplantes do Instituto Nacional do Câncer (Inca), conta que o transplante tem um risco de vida maior do que 60%, e que a probabilidade de se ter um irmão compatível que possa se tornar doador é de 25%.

E, ainda assim, Marafanti "conseguiu fazer um transplante como se estivesse em uma festa entre amigos", conta o oncologista René Gansl.

Cá entre nós, este transplante ele tirou de letra.