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SÃO PAULO - A dificuldade de negociação entre varejistas e fabricantes, diante das oscilações do dólar, poderá afetar o abastecimento de microcomputadores no país neste final de ano e fazer com que falte PCs nas prateleiras.
A opinião é de Oscar Clarke, presidente da operação brasileira da Intel, maior fabricante mundial de chips de computador. O executivo participou de encontro com a imprensa nesta terça-feira e afirmou que a demanda continua alta, - mas as negociações estão complicadas.
Clarke explicou que os dois primeiros trimestres deste ano "foram uma maravilha", com taxas de crescimento de 30 por cento nas vendas em relação aos mesmos períodos de 2007.
- Até a primeira semana de setembro, não percebemos qualquer redução no nível de atividade, afirmou.
O executivo acrescentou, no entanto, que, a partir da segunda semana daquele mês, a empresa começou a sentir "uma certa redução", muito ligada à oscilação da moeda norte-americana.
Segundo ele, o desabastecimento ainda não acontece porque o varejo tem estoques.
- No varejo ainda não se percebe redução na demanda - disse, mas os fabricantes de computadores já - reduziram drasticamente a importação de componentes - onde se incluem os chips Intel.
Por isso, ele estima que, diante da demanda que segue aquecida, - é bem provável que falte produto no final do ano.
Segundo o executivo, o varejo tem informado que percebe uma certa retração de consumo entre os eletrônicos, - mas a demanda por PCs continua muito forte, ressaltou.
- Tudo o que a gente torce na vida é para que o dólar se estabilize em 2009.
Na avaliação de Clarke, uma cotação "saudável" seria entre 2 reais e 2,10 reais.
- Não voltaremos ao patamar de 1,60 real - atingido pela última vez em agosto, adicionou.
A Intel não divulga números por país, mas a receita local cresceu 30 por cento em 2007 sobre o ano anterior, índice que Clarke não acredita que a companhia consiga atingir este ano. De qualquer forma, adiantou, - ainda não dá para se ter uma idéia.
INDO ÀS COMPRAS
O executivo ressaltou que a empresa, que completa 40 anos de fundação este ano, passou por uma ampla reestruturação global há dois anos, com redução de pessoal e redesenho dos processos internos.
O total de funcionários, que era de 105 mil, caiu para algo como 85 mil, além da redução dos níveis hierárquicos.
- O que muitas empresas estão sendo obrigadas a fazer agora nós já fizemos há dois anos, disse.
Hoje, mais enxuta, a companhia - tem pouca alavancagem e muito dinheiro em caixa.
E como o preço dos ativos está baixo, ele acrescentou que a Intel - está indo às compras - em todo o mundo.
- O momento é adequado - disse ele, que preferiu, no entanto, não adiantar quais segmentos a companhia estaria avaliando e em quais países.