Cristine Gerk, Jornal do Brasil
SÃO PAULO - Entre os homens brasileiros, os cariocas são campeões em fazer sexo sem envolvimento com a parceira 82,7% não se importam em distinguir amor de prazer. Para eles, uma vida sexual satisfatória ocupa a segunda posição no ranking da qualidade de vida, ficando atrás apenas de uma alimentação saudável. Se comparada com os outros Estados, esta também foi a maior importância reservada para a vida sexual num ranking de 10 fatores que incluem prevenção de doenças, convivência com a família, trabalhar no que gosta e dormir bem.
Os dados fazem parte de um estudo nacional realizado pela professora Carmita Abdo, do Hospital das Clínicas da USP. Mais da metade dos 8.237 brasileiros entrevistados fazem distinção entre vida afetiva e sexual, inclusive as mulheres cujo índice difere em relação ao dos homens em apenas 10%. Os homens de Fortaleza e as mulheres de Manaus se destacam nesta distinção.
Esta pesquisa é um retrato bem fiel da mudança do comportamento sexual da mulher avalia Carmita.
Cerca de 45% da população nacional está realizada tanto na vida sexual quanto na afetiva, e 75% acreditam que a sua vida sexual é boa ou excelente. Os paulistas apresentaram os índices mais baixos no quesito satisfação.
Acredito que a vida corrida e a pressão profissional influenciam muito. Para as mulheres, há fatores como variações hormonais e tabus sociais que atrapalham também acrescenta Carmita.
Os brasileiros estão ficando cada vez mais exigente em relação à aparência e o desempenho do parceiro. O visual do parceiro é importante no estímulo sexual para 89% dos homens e 72% das mulheres. Os pesquisadores acharam um dado inovador em relação a este assunto para 65% dos participantes, a preocupação da mulher com sua aparência física é comparável à do homem com a ereção.
É opinião quase unânime na pesquisa mais de 95% das mulheres e homens que o sexo é importante para a harmonia do casal. Entre os participantes, 60% se preocupam em não decepcionar o parceiro.
Em todas as pesquisas que fazemos, os brasileiros mostram que a satisfação do outro é mais importante até do que engravidar ou pegar doença venérea atenta Carmita.
As gaúchas se destacam quanto a conseguir atingir o orgasmo na relação sexual 83% delas tem orgasmo, enquanto a média nacional é de 76%. A freqüência semanal com que os casais fazem sexo varia pouco no país homens dizem ter três, e mulheres duas, em média. Pela pesquisa, entre sentir vontade de ter uma relação sexual, a maioria precisa de até 30 minutos.
Essa diferença ocorre ou porque os homossexuais masculinos fazem mais sexo ou porque os homens têm relações extraconjugais analisa Carmita. Mulheres só começam a ter menos relações a partir dos 50 anos, quando passam para cerca de uma por semana, provavelmente devido à menopausa.
No Brasil, as pessoas iniciam a vida sexual com idade entre 13 e 17 anos, e com parceiros conhecidos.
Só um terço dos brasileiros usa preservativo corretamente
Apenas um terço da população brasileira usa o preservativo de forma correta. Entre os homens, 34% não usam nunca e 33% usam às vezes. Os índices sobem para 51% e 15%, respectivamente, entre as mulheres.
A mulher se negligencia mais. Quando ele não quer, ela aceita denuncia Carmita Abdo.
Segundo dados da pesquisa sobre o comportamento sexual do brasileiro, atualmente as conversas na família sobre sexo são mais freqüentes para 57% dos homens e 60% das mulheres.
Os pais precisam responder às solicitações das crianças. Se elas perguntam e não têm respostas, acabam começando a ter relações sem camisinha. O que está faltando é encarar a questão com mais coragem analisa Carmita Mas é importante frisar também que ninguém deve falar de sexo se não se sente à vontade, porque vai mostrar preconceito e estranheza e gerar fantasias negativas na criança. Melhor então delegar a tarefa a outra pessoa.
O jornalista R. Souza admite que já deixou de usar preservativo algumas vezes.
Às vezes não tenho camisinha na hora, a mulher não quer e diz que tem alergia, ou simplesmente eu controlo a minha animação. Eu tenho consciência de que em todas as vezes, a minha escolha é condenável fala Souza.
Entre os brasileiros, 70% têm companheiro estável desde os 18 anos. Dos participantes, cerca de 45% eram casados e 43% solteiros. O separados ficavam com uma faixa de 10% e os viúvos, 2%.
Casados e solteiros avaliam sua vida sexual de forma igualmente satisfatória conta a pesquisadora.