O 14 de novembro é considerado o Dia Mundial do Diabetes. Ele foi instituído como um meio de aumentar a conscientização global sobre o diabetes mellitus (DM) e hoje ocorre em mais de 150 países. O diabetes é o aumento dos níveis de açúcar no sangue (níveis glicêmicos), conhecido como hiperglicemia. Pessoas com mais de 45 anos que tenham familiares próximos com diabetes, sobrepeso ou obesidade, sejam sedentárias, tenham pressão alta e colesterol elevado ou usem medicações que aumentam a glicose no sangue são as que apresentam os maiores riscos de desenvolver a doença.
A endocrinologista do Bronstein Medicina Diagnóstica, Yolanda Schrank, esclarece os mitos e as verdades sobre a insulina, hormônio produzido pelo pâncreas que permite a entrada de glicose nas células para ser transformada em energia. "Pessoas com diabetes podem precisar de injeção de insulina por diferentes motivos: por não produzirem insulina suficiente, não conseguirem usá-la adequadamente ou ambos os casos", explicou a endocrinologista.
A injeção de insulina é dolorosa
Mito. A maioria dos usuários de insulina é agradavelmente surpreendido na primeira aplicação, quando percebe que o incômodo é bem menor do que o esperado. Com o passar do tempo e o avanço da tecnologia, a aplicação do hormônio tornou-se mais confortável por causa de agulhas de menores tamanho e espessura.
Ao começar a usar a insulina, o paciente se tornará dependente dela pelo resto da vida
Mito. A insulina, assim como qualquer medicamento necessário ao tratamento de alguma doença crônica, não causa dependência, ou seja, o paciente não tem crise de abstinência quando suspende seu uso. Entretanto, como o paciente não produz o hormônio em quantidade suficiente, a suspensão do tratamento poderá implicar sério risco de vida ao paciente.
É importante entender que a insulina é um hormônio essencial ao bom funcionamento do organismo. Por isso, as injeções são parte indispensável do tratamento de diabéticos tipo 1, que não produzem o hormônio. Também portadores de diabetes tipo 2 podem necessitar fazer uso do hormônio, transitoriamente ou em definitivo.
"Mulheres que apresentam diabetes gestacional são exemplo de pacientes que, muitas vezes, precisam aderir à terapia à base de insulina, mas podem interromper o uso após dar à luz", explicou Yolanda Schrank. Além disso, muitos usuários de insulina conseguem reduzir as dosagens de medicamentos e do hormônio controlando a alimentação e seguindo um programa regular de exercícios.
Independentemente do tipo de diabetes apresentado pelo paciente, é válido ressaltar que a insulina ajuda a atingir a meta glicêmica, resultando em mais energia para o paciente realizar as atividades cotidianas e viver com mais qualidade de vida. Não é infrequente que pacientes com rejeição inicial ao uso de insulina percebam os reflexos positivos da terapia e relatem arrependimento em não ter aderido ao tratamento antes.
Aderir ao uso de insulina significa obrigatoriamente que o grau de diabetes está piorando
Mito. Quando o médico prescreve esse tipo de terapia não significa necessariamente que o paciente está fazendo algo errado ou que seu quadro está piorando. A insulina é simplesmente, naquele momento, a opção terapêutica mais segura, como acontece, por exemplo, na gestação ou com pacientes que precisam suspender os antidiabéticos orais para se submeterem a alguma cirurgia.
Tomar insulina deixa o dia a dia mais complicado
Verdade. As aplicações diárias exigem dedicação do paciente. Porém, o trabalho de tomar esse cuidado com o corpo ajuda a prevenir complicações futuras e garante uma vida mais saudável. Para o tratamento com insulina ser mais eficaz, o diabético terá de fazer algumas mudanças em seu estilo de vida, como atentar ao cardápio diário, exercitar-se regularmente, monitorar a glicemia com frequência e tomar os medicamentos conforme prescrição médica.
Medo de agulha impede o tratamento do diabetes
Mito. Ao aderir ao tratamento com insulina, é comum que alguns pacientes fiquem nervosos por terem de injetar o hormônio. As injeções, porém, não machucam o usuário e causam pouquíssimo incômodo. As agulhas atuais são pequenas, confortáveis e de alta qualidade, o que torna a aplicação praticamente indolor. Além disso, a disponibilidade de canetas para a aplicação da insulina (que impedem que o usuário visualize a agulha), muitas vezes coloridas, facilitou muito o tratamento, sobretudo do paciente pediátrico.
Insulina engorda
Mito. Embora muita gente veja a insulina como vilã do equilíbrio da balança, isso não reflete a realidade. O ganho de peso pode acontecer se o paciente estiver consumido medicamentos orais que estimulam o pâncreas a produzir insulina extra. "A razão é simples: quando o açúcar no sangue estava elevado e o diabético não aderia a nenhum tratamento, as calorias consumidas eram expelidas do corpo pela urina. Mas ao aderir à terapia com insulina e hipoglicemiantes orais, as calorias consumidas são transformadas em energia. Ou seja, em vez de serem calorias perdidas, são absorvidas pelo organismo. Isso pode levar ao ganho de peso, caso o paciente consuma calorias em excesso", explica a especialista.Para evitar o ganho de peso, basta seguir o plano alimentar orientado pela equipe de especialistas, que contém a quantidade exata de calorias que o corpo necessita para funcionar. Iniciar um programa de exercícios também é uma recomendação válida. Ao combinar esses passos com o tratamento medicamentoso, o diabético perderá os quilos que eventualmente adquiriu.
Insulina pode cegar
Mito. Não há absolutamente nenhuma evidência de que o tratamento com insulina provoque cegueira. Pode-se dizer, na verdade, que o oposto é verdadeiro: pacientes que não controlam o diabetes podem perder a visão. Estudos mostram que o tratamento com insulina realizado de forma adequada reduz o risco de doença ocular em até 76%. Quando elevados por um longo período, os níveis de açúcar no sangue podem danificar os pequenos vasos sanguíneos da retina dos olhos. Essa condição, conhecida como retinopatia diabética, pode levar à perda da visão e, eventualmente, à cegueira total, de forma progressiva.
O uso de insulina pode causar hipoglicemia
Verdade. A hipoglicemia, também conhecida como baixa de açúcar no sangue, acomete o paciente quando há desequilíbrio entre a quantidade de açúcar e a insulina disponível na corrente sanguínea, como pode ser observado, por exemplo, em pacientes que prolongam muito o tempo de jejum, quando ocorrem erros na aplicação da medicação (doses excessivas) ou ainda em pacientes que não se alimentam adequadamente ou não ajustam a quantidade de insulina ao realizar atividade física.