Projeto de respirador mecânico usa peças existentes no mercado
Uma equipe da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) está desenvolvendo um novo modelo de respirador mecânico emergencial. O projeto do instrumento médico essencial para os primeiros cuidados no tratamento de pacientes graves de covid-19 é feito através de um programa de modelagem 3D, que pega peças já existentes no mercado e faz a adaptação para o aparelho.
O projeto é do mestrando em Robótica, Controle e Automação Nicolai Rutkevich, que está desenvolvendo o dispositivo em modelo de inovação aberta, ou seja, que pode receber contribuições externas. Chamado de Ventivida, o modelo é considerado mais barato e simples de fabricar do que os reanimadores manuais disponíveis no mercado.
Rutkevich explica que o modelo que é composto por um balão, um reservatório de ar comprimido enriquecido com oxigênio, válvulas e uma máscara facial. Isto tudo é controlado com base na compressão automatizada do dispositivo emergencial ambu [da sigla em inglês para Unidade Manual de Respiração Artificial].
Utilizando peças encontradas no mercado, como motor de vidro elétrico, regulador para controle de rotação, rolamentos e parafusos, Rutkevich está desenvolvendo o Ventivida com o auxílio do software Solidworks, de modelagem em 3D. Segundo ele, os esboços e simulações que a plataforma proporciona agilizaram o processo de criação, que é feito em equipe.
“Conseguimos realizar simulações de movimento em ambiente virtual, resolução de colisões. Temos acesso à base de elementos prontos, como motores, rolamentos, engrenagens e elementos de fixação entre outros. Com isso, conseguimos um sistema integrado de simulação, modelagem e elaboração de desenhos para a fabricação”.
O Solidworks é um software da empresa francesa Dassault Systèmes, que está doando licenças do programa na América Latina até o fim de junho, para o desenvolvimento de projetos ligados ao combate à pandemia do novo coronavírus. O diretor da empresa para o Brasil e América Latina, Mario Belesi, explica que o software permite que todo tipo de equipamento seja projetado e testado virtualmente em 3D.
“Essa potencialidade reduz substancialmente o tempo de desenvolvimento de produtos. Além disso, conectado à plataforma, em nuvem [online], possibilita a colaboração remota contínua a qualquer momento, em qualquer lugar.”
Ele cita os esforços colaborativos para desenvolver soluções para problemas críticos da atual crise de saúde, como a impressão 3D de peças de reposição ou design rápido para a manufatura de máscaras ou ventiladores para hospitais locais. De acordo com Belesi, quatro projetos já estão andamento na América Latina com a doação das licenças (no Brasil, no Chile, na Argentina e no Peru).
“Esperamos ajudar muitas outras iniciativas. Pelo mundo, a tecnologia da Dassault Systèmes já contribuiu com o Instituto de Design de Arquitetura do Centro-Sul da China (CSADI) na simulação da dispersão de vírus no sistema de ventilação do Hospital Leishenshan em Wuhan (China), neutralizando os efeitos negativos de riscos não planejados dessa ventilação”.
Os interessados em desenvolver projetos utilizando o software podem entrar em contato por meio do site www.3ds.com/pt-br. (Agência Brasil)