O ministro da Ciência e Tecnologia, o astronauta Marcos Pontes, disse que negocia com a área econômica do governo federal a reversão de ao menos metade do corte anunciado para a pasta neste ano. O que representaria um valor de R$ 1 bilhão.
Pontes ressaltou que a liberação é imprescindível para a continuidade de três ações prioritárias da pasta: a manutenção do pagamento de bolsas para pesquisadores, de recursos para unidades de pesquisa de todo país e o prosseguimento do projeto Sirius, acelerador de partículas brasileiro que, em alguns aspectos, será o melhor do mundo.
O Ministério da Economia anunciou, no fim de março, um corte de 42% no orçamento do MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), equivalente a R$ 2,1 bilhões.
"Bolsas do CNPq, orçamento das unidades de pesquisa, que já é restrito, e o Sirius são as prioridades. Não quer dizer que não serão afetados. Dependendo do tamanho do corte, se temos prioridade, o corte não é linear", disse. Pontes afirmou que já teve conversas com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre o assunto. Também disse que articula com parlamentares para tentar garantir recursos para o orçamento de 2020.
"O problema é que nosso orçamento já estava baixo, é um corte em cima de corte", disse. "A ciência e tecnologia não são gatos, mas investimento, isso tem que ficar claro. E as pesquisas não podem parar."
O CNPq, agência de fomento à pesquisa ligada à pasta, tem um déficit de R$ 300 milhões neste ano (mesmo antes do corte). O orçamento só garantiria o pagamento de bolsas até setembro.
Os recursos para a ciência e tecnologia têm sido enxugado desde 2013. Naquele ano, a pasta tinha R$ 9,5 bilhões, contra R$ 2,95 bi neste ano após o corte da área econômica.
O contingenciamento também atingiu outros ministérios. No total, representam R$ 29,6 bilhões.
O ministro falou sobre o tema após lançamento do projeto Ciência na Escola, que busca aprimorar o ensino de ciência na educação básica. A iniciativa prevê investimento total de R$ 120 milhões, sendo R$ 100 milhões oriundos do cofre do Ministério da Educação.
O Ciência na Escola vai financiar projetos que busquem aproximar a ciência das escolas de educação básica e também pesquisas sobre o tema. O projeto ainda articula um curso a distância de especialização para professores de ciência e reforço nas ações da Olimpíada Nacional de Ciência.