Um país para se desenvolver precisa de energia. As regiões que mais crescem são as que têm a melhor oferta. Hoje contamos com várias matrizes, desde as mais limpas e ambientalmente adequadas até as menos. Vivemos um conflito de como decidir a que melhor atende ao nosso perfil. Basicamente temos duas opções para o pequeno consumidor: o fornecimento das concessionárias (fonte hídrica) ou a alternativa fotovoltaica.
Na fotovoltaica temos mais segurança, menor custo de geração (lembrando que é necessário projetar, instalar e manter o sistema). Para os consumidores de maior porte há outras opções, tais como a eólica e a biodigestão.
Se formos desconectados do meio ambiente, há a geração com combustíveis fósseis, como diesel dos geradores e a geração a carvão, que pasmem, a Alemanha voltou a usar com força. No Brasil algumas cidades na Amazônia têm sua energia gerada com diesel (falta de infraestrutura de rede).
Trazendo mais detalhes sobre a biodigestão, a qual é pouco falada e portanto pouco conhecida.0
Biodigestão reproduz o processo natural, degradação (fermentação) anaeróbica (sem oxigênio) do substrato (matéria orgânica). Através deste processo é gerado o Biogás, que pode ir direto para motores especiais que gerarão energia. Através de um processo adicional de purificação, produzimos o biometano que pode ser usado direto em motores para movimentar carros, ônibus e até mesmo caminhões de todo porte, além de máquinas agrícolas pesadas. Podemos concluir que a geração de energia através da biodigestão é mais adequada ambientalmente que a fotovoltaica. Como assim? Se a entrada na linha de produção é a matéria orgânica, e o Brasil tem um dos lixos mais ricos do mundo, é interessante pensar que este lixo orgânico encontrou seu destino e como consequência temos o biogás. Temos como subproduto o adubo orgânico que retorna para o campo e o CO2 que pode ser usado no tratamento de efluentes. Simples assim? Sim. Só precisamos divulgar mais esta alternativa.
E se essa onda pega e a demanda supera a quantidade de lixo orgânico? Daí vamos passar a criar plantas agrícolas para produzir, por exemplo, o sorgo (melhorado geneticamente pela própria Embrapa). Plantas energéticas podem gerar até 3 safras por ano no Brasil.
E se a demanda por energia cair e/ou a de alimento crescer? É só começar a produzir alimento. Toda a cadeia é beneficiada por este processo.
Conversando com o Dr. Mario Coelho, autor da tese de doutorado *Geração de energia a partir do biogás como forma de desenvolvimento econômico”, ele trouxe dados importantes e que vão estimular investidores do Agronegócio. Segundo ele, em sua tese de doutorado, a quantidade de energia produzida pelo biometano a partir da silagem de milho é 4,13 vezes maior do que a gerada pelo etanol, a partir da mesma planta. Considerando a mesma área de cultivo com etanol produzido um veículo roda 14.000km e com biometano roda 56.000km.
Vamos aos números. Hoje a Alemanha tem mais de 9.000 plantas de biogás, dentre elas, apenas 193 são de biometano (4.1GW de potência instalada, envia 3,4GW para rede), gerando mais de 43.000 empregos diretos e indiretos. Bom, só para fechar, a Alemanha é do tamanho de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul juntos e apenas 12% de sua área é agricultável, além disso, a Alemanha só produz uma safra ao ano, em função das condições climáticas.
O Brasil com sua dimensão continental poderia e deveria pensar mais nesta alternativa como uma solução.
Cabe destacar que a Alemanha, com toda a discussão sobre a importância do controle das emissões e suas diversas promessas, não as diminuiu. Vamos lembrar que uma das atuais modas alemães é a produção de veículos elétricos. Esta produção não resolve o problema das emissões e sim o problema criado por eles na geração a partir das matrizes eólica, solar (106GW de capacidade instalada) e fóssil (84GW de capacidade instalada), sendo que o consumo médio alemão é de 74GW. Nas terras alemães, está havendo um desperdício de energia na ordem de 20 a 25GW/dia porque não há como gerenciar isso, logo colocaram os carros elétricos com “salvação”. Em artigo publicado em abril deste ano numa revista alemã, ficou comprovado que carros elétricos geram mais emissões que os Diesel. Neste artigo, o Tesla modelo 3, gera entre 10 e 25% mais emissões que o Mercedes C220 a diesel.
Isso é inteligência, sem energia não há cidade inteligente e nem tampouco o que monitorar. Vamos lembrar que o abastecimento de energia é a chave do desenvolvimento e a gestão deste smart grid deve passar por uma gestão de segurança.
Na próxima semana vamos dar continuidade a esta pegada falando sobre o meio ambiente e as emissões em uma cidade inteligente.