Em conversa recentemente com o cônsul-geral da China no Rio de Janeiro, o Sr. Li Yang, ele compartilhou três exemplos de sucesso com a participação da iniciativa privada na construção de cidades inteligentes no país oriental.
O primeiro exemplo está na cidade de Hangzhou, uma das sete mais antigas capitais chinesas, com mais de 10 milhões de habitantes e considerada no século Xlll por Marco Polo a mais luxuosa e requintada do mundo. Hoje esta cidade próxima a Xangai é um exemplo de modernidade. A empresa Alibaba, uma das gigantes do comércio eletrônico, construiu e explora um data center que coleta informações de tráfego na cidade. Esta ação auxilia sua equipe no planejamento logístico de suas vendas e a prefeitura a se planejar em função de demanda, até mesmo simulando cenários futuros.
O segundo é da empresa JD.com, Inc., a Jingdong, uma empresa chinesa de comércio eletrônico com sede em Pequim, concorrente direta da Alibaba, com receita acima dos US$200 bilhões neste segundo trimestre de 2020. Com uma rede de big datas, coleta informações de tendências de compra e as compartilha com steakholders, isso auxilia, dentre outros fatores, as empresas a criarem produtos mais adequados às necessidades dos clientes, aos centros logísticos dimensionarem suas estruturas, às prefeituras dimensionarem portos, aos aeroportos/rodovias e às lojas no melhor posicionamento físico, além de uma melhor gestão de seus estoques. A JD, em um ousado projeto, planeja usar veículos autônomos para distribuição de seus produtos, e a base de dados é a ferramenta chave neste projeto.
Como terceiro exemplo, Sr. Li Yang citou algo que se aproxima do momento atual que vivemos, a telemedicina. A China consegue otimizar seus melhores recursos humanos na área médica. Similar ao Brasil, a China tem uma extensão territorial muito grande e o deslocamento é sempre uma barreira, mesmo considerando o grande avanço nos modais chineses. Hoje pessoas são operadas remotamente pelos melhores cirurgiões de Pequim e Xangai, mesmo estando a milhares de quilômetros de distância.
O cônsul-geral da China destaca ainda que a coleta de dados é o coração de uma cidade inteligente. “A população percebe a importância dos mecanismos de inteligência em uma cidade quando veem obras de infraestrutura sendo realizadas dentro de suas reais necessidades”. O Cônsul-Geral da China no Rio de Janeiro, Sr. Li Yang, destaca que a coleta de dados é o coração de uma cidade inteligente. Considerando a infraestrutura de TI (Tecnologia da Informação) e a indissociável necessidade de transmissão de informações. Comenta que na China até o 3G já operava com muita estabilidade. Processos de transmissão de dados são repetidos para mitigar falhas na transmissão e quando chegam no destino são checados e comparados, e só então processados. Quando a instabilidade é uma constante, acaba derrubando blocos grandes de informação criando inconsistência nos sistemas, o que os torna não confiáveis. Considerando o exposto, questionei sobre o caminho e o Sr. Li Yang, respondeu, “simples, meu amigo Ricardo, precisa haver estabilidade e velocidade na rede móvel”.
Compartilhando com vocês uma experiência minha, nos últimos meses, por conta da pandemia e o aumento de nossas operações no eixo Rio-São Paulo, tenho viajado semanalmente na Rodovia Presidente Dutra e a única dificuldade tem sido a instabilidade na telefonia móvel, tenho 2 linhas, sendo uma delas da maior operadora do Brasil e outra da segunda maior e mesmo assim tenho tido muita dificuldade de comunicação neste trajeto.
Sr. Li Yang nos deixa uma recomendação, “trabalhem para gerar segurança jurídica e regras claras”. Há muitas empresas na China prontas a investir e isso pode ajudar a acelerar não só a construção de inteligência em cidades brasileiras, mas no desenvolvimento econômico do país.
Gosta do tema? Quer se engajar neste movimento? Quer dar algum exemplo de cidade inteligente no mundo? Envie um e-mail para [email protected]