Antes do jogo com a Arábia Saudita, Tite deu entrevista dizendo que, nesse momento, mais do que vencer, queria convencer. Passou longe disso. A insossa vitória sobre um time argentino desfalcado de seus principais jogadores (Messi, Di Maria, Higuain, Aguero etc.) foi conquistada na bacia das almas e não bastou para esconder um velho problema: a seleção brasileira continua a depender excessivamente de Neymar.
Quando ele não brilha – e, ontem, não brilhou – o time de Tite lembra até o Flamengo do nada saudoso Maurício Barbieri. Se perde em inúteis toquinhos para os lados, crucifica o seu centroavante e só faz gol por acaso ou em bola parada, como o de Miranda, ontem, já nos acréscimos.
Sem laterais ofensivos e sem atacantes eficientes de lado do campo, os “externos” como gosta de chamar nosso Sebastião Lazaroni com airbag, freio ABS e tela touch screen (Neymar é a exceção, mas tem se deslocado cada vez mais para o centro), o Brasil do pós-Copa se enrola até contra adversários risíveis, como os que tem enfrentado nesses amistosos.
A renovada Argentina foi o único oponente razoável e, mesmo assim, é preciso levar em consideração o fato de estar em fase de reconstrução e ser dirigida por um técnico interino, vindo das divisões de base. O Brasil, ao contrário, embora tenha convocado alguns novos valores, manteve a base do time titular com seus principais jogadores. E, pelo que se viu nessas peladas contra um bando de joões-ninguém, conseguiu piorar em relação ao que produziu nos gramados russos, onde já não foi lá grande coisa.
Enquanto a CBF continuar com essa série de joguinhos “me engana que eu gosto”, será difícil evoluir. Os dois últimos amistosos serão contra o Uruguai (mais um sul-americano!) e, ao que tudo indica, Camarões! Depois, não reclamem quando penarmos contra Suíça, Sérvia e que tais e formos eliminados por seleções europeias mais fortes, como a Bélgica.
Retrocesso
Neymar teve um retrocesso contra os argentinos. Apanhou muito, é verdade, mas não precisava voltar a ter arrancos de cachorro atropelado, como se lhe tivessem quebrado a perna. Tecnicamente, também não esteve bem. Foi desarmado na maioria das vezes em que tentou o drible. Mesmo assim, saíram de seus pés as únicas jogadas de ataque minimamente perigosas, como o escanteio e a cobrança em cruzamento milimétrico, na cabeça de Miranda, no gol solitário da partida.
A boa notícia
O desempenho de Artur, no meio-campo, foi a única coisa digna de elogios na seleção brasileira. Sabe marcar, sabe passar e sabe driblar, quando necessário. Um senhor jogador. Se existe um setor que parece bem resolvido é o dos volantes. Casemiro e Arthur têm tudo para chegar à Copa do Catar como destaques absolutos desse time.
Laterais de bengala
Ao que tudo indica, Tite acabará escalando Daniel Alves e Marcelo, na Copa América do ano que vem. Não há substitutos à altura – Filipe Luís é apenas correto e também é veterano (33 anos). Quem serão os laterais na próxima Copa, ninguém faz a menor ideia.
Fracasso anunciado
A Federação de Futebol do Rio de Janeiro divulgou ontem a tabela do próximo Carioquinha, que manterá a forma esdrúxula dos últimos anos, aquela que impede que um clube que, porventura, vença a Taça Guanabara e a Taça Rio seja declarado campeão – terá que ir para uma final, contra o ganhador de um quadrangular entre os quatro que tenham feito mais pontos, depois dele. Em resumo: a grande maioria dos jogos de todo o torneio não valem bulhufas. Dá-lhe, Rubinho!
Enfim, o VAR
O único ponto positivo do Carioquinha 2019. Enfim, será utilizado o VAR. Mas apenas em 10 jogos (nas semifinais e finais dos turnos e da fase final).
Ponto sofrido
O Botafogo trouxe um pontinho valioso do Castelão, mas precisará derrotar o Bahia, no Nílton Santos, para se afastar um pouco mais da luta contra o rebaixamento. No momento, a diferença para o Ceará (o primeiro no Z-4) é de quatro pontos. Vencer os baianos, que os eliminaram na Sul-Americana e estão a apenas um ponto, é fundamental. Mas se a defesa se portou bem na última partida (especialmente, o goleiro Saulo), o ataque ficou devendo. E, desta vez, o Glorioso precisará balançar a rede. Em tempo: que pênalti grotesco, hein, Lindoso? Sorte sua que Artur bateu pra fora.
Clássico da morte
Após bater os reservas do Cruzeiro, o Vasco irá à Ilha do Retiro fazer um clássico do Z-4, contra o Sport. O time pernambucano perdeu quatro dos últimos cinco jogos. E ficou sem o goleiro Magrão pelo restante da temporada. É um handicap para o Gigante da Colina. Máxi Lopez que trate de chutar a gol todas as bolas que receber nas proximidades da área.
Pelo em ovo
É divertido ver como as mesas redondas que pululam na TV a cabo gostam de discutir pelo em ovo. O último é o que fazer com Diego, camisa 10 do Flamengo, quando ele for liberado pelo departamento médico. Qualquer um com dois neurônios funcionando, sabe que irá para o banco. Ou alguém em sã consciência acredita que Dorival Júnior vá mexer no time, justamente agora, quando parece que se acertou?