O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Dólar sobe 27,67% no ano

Publicado em 27/12/2024 às 18:02

Alterado em 28/12/2024 às 12:47

Às 15 horas de hoje, o penúltimo pregão do ano, o dólar acumulava alta de 27,67%, cotado a R$ 6,1964, alta de 0,22% no dia. O dólar segue sua jornada de valorização em relação às principais moedas. Nossos vizinhos argentinos, muito celebrados pelas editorias de economia da mídia internacional, está quase sendo um irmão siamês quando se trata do dólar. Nesta sexta-feira, 27 de dezembro, o peso argentino viu o dólar se valorizar +0,54% e acumular alta de27,30% nos últimos 12 meses. O peso mexicano vem com o terceiro pior desempenho frente ao dólar que sobe 19,72% no ano, praticamente igual ao desempenho do dólar ante a lira turca +19,71%.

Para se ter uma ideia da força do dólar, ele sobre 11,62% frente ao iene, 9,17% frente ao dólar canadense e 6,88% frente ao franco suíço. O euro perda 5,73% este ano frente ao dólar e a dança das moedas vai continuar até a posse de Donald Trump, em 20 de janeiro de 2025, quando promete elevar tarifas de importação, o que pressiona a inflação e força o Federal Reserve e ser cautelo na baixa dos juros em 2025.

A carne é forte

Como ficou claro no IPCA-15 de dezembro, prévia da inflação cheia do mês, que subiu 0,34%, bem menos que os 0,45% estimados pela mediana do mercado e pelos 0,46$ previstos pela LCA Consultores ou pelos 0,48% previstos pelo Itaú, os alimentos estão sustentando a inflação em nível quase o dobro do IPCA. No acumulado do ano, o IPCA chegou a 4,71%, mas a inflação dos Alimentos e Bebidas alcançou 8,00% e o custo da Alimentação em domicílio cresceu puxada pela alta acumulada de 20,42% do óleo de soja em 2024 e da alta de 19,48% da carne.

Um em outro tiveram forte especulação de preços por problemas climáticos (que reduziram em quase 12% a produção de soja) e as queimadas e estiagem de maio a julho, que afetaram o preço do boi gordo. Para piorar, o salto de 27,67% no dólar nos últimos 12 meses (concentrada no 2º semestre) valorizou em demasia os preços do óleo de soja e da carne. Melhor que o panorama para 2025 aponta para um crescimento de quase 9% na colheita da soja e as chuvas recuperaram os pastos e pode aumentar a oferta de carne. Se o dólar parar de subir rapidamente, os preços se estabilizam.

Fatores pontuais – como a alta dos cigarros (12,78%) no IPCA-15, e um aumento acumulado de 24,34% no – tendem a passar em janeiro. Assim, como a escalada do café (que costuma acompanhar o cafezinho dos fumantes), que subiu 34,69% este ano, pelo efeito duplo da seca no Vietnã (2º produtor mundial) e da Indonésia (o 5º maior – o Brasil é o maior e a Colômbia é o 3º), foi estimulada pela alta do dólar.

Mas os grandes exportadores de carne do Brasil colheram bons resultados na B3 (que acumula baixa de mais de 6% no ano). As ações da BRF ON sobem 79,65%. As da Marfrig ON vêm a seguir, com alta de 66,80%, à frente da alta de 45,36% da JBS ON.

Mas quem voou alta na B3 este ano foi a Embraer ON, com alta de 150,92%. Bons desempenhos tiveram WEG ON +48,07% e Suzano ON (+20,88%). Petrobras ON valorizou 9,57% e Petra PN teve alta de 5,80%.

Bancos perdem

Numa conjuntura de juros altos, parece estranho, mas os bancos estão perdendo, por aumento nas provisões para devedores duvidosos (apesar de refresco do Banco Central de espaçar as provisões nos próximos três anos) e pelo aumento dos juros. Paradoxo? Explica-se, quando há alta dos juros de novos papéis, os antigos papéis ficam desvalorizados e há baixas contábeis. O que agrava as perdas ainda contabilizadas de Americanas.

Entre os bancos, Bradesco ON lidera as perdas na B3, com -25,68%, seguido por BTG Pactual ON (-25,13%) e Santander ON, com desvalorização de 22,18%, BB ON caiu 6,31% e ItaúUnibanco ON tem baixa de 3,11%.

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