O melhor resultado da Caixa Econômica Federal no 1º trimestre de 2020 foi auferido por sua diretoria, presidida por Pedro Duarte Guimarães. Nos primeiros três meses do ano a CEF, lucrou R$ 3,049 bilhões, uma queda de 7,5% em relação a igual período de 2019 e redução de 21,1% em relação ao 4º trimestre de 2020. Na contramão do sistema financeiro (que reforçou provisões para enfrentar a crise do Covid-19), a Caixa reduziu para R$ 2,012 bilhões (-28,8%) as provisões para calote frente ao 1º trimestre de 2019. Mas aumentou em 25,2% em comparação com o reservado no 4º trimestre de 2019.
Além das filas para atendimento de milhões de brasileiros que se inscreveram no programa de auxílio emergencial de R$ 600, o que aumentou mesmo na Caixa foi o total pago à diretoria, que é comandada por Pedro Guimaraes (salário de R$ 56.197 mensais), 12 vice-presidentes (R$ 45.148 cada) e 22 diretores executivos (R$ 41.868 cada). Em março, a diretoria auferiu R$ 3,669 milhões em proventos, um aumento de 12,79% frente aos R$ 3,253 milhões pagos nos primeiros três meses de 2019. No período, a inflação foi de 3,30%.
Em todas as demais hierarquias ligadas à alta administração da CEF houve congelamento ou redução dos gastos. O Conselho de Administração recebeu R$ 88 mil em março, uma redução de R$ 20 mil frente aos R$ 108 mil de março de 2019. No Conselho Fiscal, a remuneração caiu 26,88% para R$ 68 mil (redução de R$ 25 mil) e ficou estável no Comitê de Auditoria (R$ 321 mil) e no Comitê Independente de Risco (R$ 201 mil). A diretoria também reduziu em R$ 7 mil seus benefícios (incluem auxílio alimentação, auxílio creche, auxílio moradia, plano de saúde e seguro de vida aos membros da diretoria, além de Plano de Previdência Complementar) para R$ 174 mil no 1º trimestre.
Entretanto, a Diretoria foi contemplada com uma “Remuneração Variável” de R$ 8,427 milhões no 1º trimestre, que aumentou o ganho em 271,8%. Nos primeiros três meses de 2019 não houve distribuição. A quantia deste ano é superior a toda a Remuneração Variável de 2019 (R$ 7,812 milhões) paga em 2019, mas perde para os R$ 8,906 milhões de 2018. A diferença é que as quantias anteriores se referem a 12 meses. Na soma entre os proventos (R$ 3,669 milhões) e a remuneração variável (R$ 8,427 milhões), a diretoria recebeu R$ 12,106 milhões este ano ou 204$ acima do que recebeu no 1º trimestre de 2019.
No BB, salário maior, benefício menor
Para efeito de comparação, vale observar o balanço do Banco do Brasil no 1º trimestre. No BB, o presidente Rubem de Freitas Novais recebe R$ 68.781 mensais; cada um dos sete vice-presidentes (eram 10 no fim do governo Temer) ganha R$ 61.564 e cada um dos 23 diretores (27 antes do governo Bolsonaro) recebe R$ 52.177 por mês. A alta administração do BB custou R$ 31.077 milhões, um aumento de 6,4% sobre o 1º trimestre de 2019. A remuneração da diretoria caiu de R$ 7,629 milhões para R$ 7,367 milhões (queda de 3,30%). O Conselho de Administração consumiu R$ 93 mil, um aumento de 36,7% sobre os R$ 68 mil do primeiro trimestre de 2019.
A título de pecúnia, o BB pagou mais R$ 11,330 milhões a seus dirigentes, um aumento de 111,3% sobre igual período de 2019. Mas a distribuição em ações foi menor (R$ 10,8 milhões) encolhendo R$ 4,490 milhões frente a 2019, ajudando a conter em 6,4% as despesas com a diretoria, bem menos que o aumento de 271,8% na Caixa.
Bolsa Família corta 2 milhões de benefícios
O balanço trimestral da Caixa Econômica Federal mostra ainda que no final de março, antes de o governo Bolsonaro reincluir famílias que tinha sido descredenciadas do Bolsa Família, para fazerem jus a receber o Auxilio Emergencial de R$ 600, nada menos que 2,039 milhões de pessoas tinho sido desligadas do programa desde março de 2019. Naquela ocasião, eram 39,913 milhões de cadastrados, número reduzido a 37,874 milhões.
Covid-19 deu trégua ao clima
A respeitada revista “The Economist” aborda em sua matéria de capa desta semana a ajuda que a crise da Covid-19 deu para mitigar os efeitos estufa do aquecimento global. Segundo a revista, o fechamento de faixas da economia levou a enormes cortes nas emissões de gases de efeito estufa. Na primeira semana de abril, as emissões diárias em todo o mundo estavam 17% abaixo do que eram em 2019. A Agência Internacional de Energia espera que as emissões industriais globais de gases de efeito estufa sejam cerca de 8% menores este ano do que em 2019, a maior queda anual desde a 2ª guerra.
Mas essa queda, observa, revela uma verdade crucial sobre a crise climática. É muito grande para ser resolvido pelo abandono de aviões, trens e automóveis. Mas ainda que a pandemia leve as pessoas a mudar a maneira como levam suas vidas, o mundo ainda teria mais de 90% da descarbonização necessária para seguir o caminho do objetivo mais ambicioso do acordo de Paris: um clima apenas 1,5 ° C mais quente do que era antes da Revolução Industrial.
Resposta do presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal