Rocinha tipo "Afeganistão": é com essa comparação que os moradores da Rocinha desabafam nas redes sociais sobre o intenso tiroteio que acontece na comunidade desde as 6 horas desta quarta-feira (17). Quando as crianças já tinham tomado o leite e os pais já se preparavam para leva-las para a escola e em seguida enfrentarem mais um dia de trabalho, fomos surpreendidos por uma operação policial em pleno horário de saída para escola.
Os tiroteios são em pontos diversos da comunidade. O clima de medo e insegurança é geral. Nas redes sociais os moradores clamam por paz e se comunicam com outros moradores para saber os pontos de maiores conflitos. "Estamos vivendo uma guerra dentro da maior favela da América Latina" relatou uma jovem.
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Até quando vamos combater desta forma, de olho por olho e dente por dente? É pobre matando pobre, polícia matando bandido e bandido matando polícia. São tantos anos neste mesmo perfil e não se enxerga que quando algo não está dando certo, é preciso que aconteçam mudanças. Como classificou um morador: "Essa operação é enxugar gelo" .
Há muitos anos que não vivemos um conflito como o de hoje. É muito tiro e bombas por toda a comunidade. Em nome dos 200 mil moradores, nós pedimos paz, pedimos que as autoridades entendam a favela como parte integrante da cidade e que essa guerra só vai causar mais dor e mortes. Já são mais de quatro horas de intensos tiroteios.
Que Deus proteja a vida de todos nós.
* Davison Coutinho, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestrando em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade.