Estes são os "Jogos da Exclusão", "uma Olimpíada onde o povo não foi convidado, ao contrário, foi completamente excluído do processo de decisão de cidade que a gente queria construir" , esta é afirmação da economista e pesquisadora do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul, Sandra Quintela.
O movimento intitulado "Jogos da Exclusão", tem o objetivo de dar visibilidade ao processo contínuo de violações por parte do estado, tendo como foco de suas ações principais os mais pobres, as mulheres, os jovens e a total expropriação dos direitos mais básicos os direitos constitucionais mais vitais para avida em sociedade, os direitos a moradia, educação e saúde.
O número de deslocados no perímetro urbano, a segregação dos mais vulnerabilizados pela descontinuidade das políticas públicas extremante precarizadas, aliado a um forte esquema de controle por parte das forças policiais e militares, se transforma em um componente perigoso e que pode trazer , aliás já demonstra um prejuízo social considerável.
Poderíamos estar celebrando a inclusão dos mais jovens e das crianças no chamado espírito olímpico. Quantos potenciais esportistas estão sendo desperdiçados com o aumento da letalidade entre adolescentes, jovens e crianças.
Poderíamos estar celebrando a conclusão de um processo de dignificação da moradia popular, acessível e a possibilidade do exercício da cidadania plena por parte dos moradores das áreas periféricas da cidade.
Poderíamos estar celebrando e mostrando ao mundo o cumprimento das metas sonhadas e estabelecidas pelo sociólogo Herbert de Sousa, o "Betinho" em 1996, durante a campanha pela candidatura do Rio como sede das Olimpíadas de 2004.
As metas tinham como premissa a celebração da inclusão e consolidação da cidadania plena por parte dos moradores e moradoras excluídos desta cidade. As metas eram ao resultado do que seria o legado dos jogos para a população secularmente vulnerabilizada.
Metas que intencionavam que se estabelecesse uma educação de qualidade para todas as crianças e jovens; que não houvesse ninguém morando na rua; que todas asa favelas estivessem urbanizadas e integradas à cidade; que houvesse alimentação de qualidade para todas as crianças e jovens e que por fim, esporte e cidadania estivessem jogando no mesmo time.
O que vemos é moradores das favelas lutando para que pelo menos sejam honrados os compromissos com o aluguel social, que a continuidade dos programas de urbanização seja respeitada(Morar Carioca, PAC Favelas), e que a constante violência e letalidade nas áreas periféricas, direcionadas aos jovens preferencialmente, deixem de ocorrer.
Assim, apresentamos ao mundo um triste espetáculo de exclusão.
* Mônica Santos Francisco - Consultora na ONG ASPLANDE, Colunista no Jornal doBrasil. Coordenadora do Grupo Arteiras