A fotógrafa Maria Daniel Balcazar iniciou um projeto no Rio de Janeiro, em 2015, quando visitou várias comunidades de afrodescendentes e registrou rituais de candomblé e umbanda e de manifestações culturais como a capoeira e o samba. A pesquisa foi ampliada e parte dela está na exposição “Kilombo”, qua abre hoje, às 19h, no Centro Cultural Justiça Federal, na Cinelândia. “Encanta-me a universalidade e vitalidade de tradições e sincretismos culturais que buscam realçar a beleza, a dignidade e o extraordinário do cotidiano”, diz a artista boliviana.
A escolha do nome da mostra é justificada pelo significado que a palavra africana tem, de resistência e transcendência, e pela facilidade de entendimento no exterior - depois do Rio, a mostra segue para Nova York. “Kilombo” também batiza um livro de arte que a artista lançará ainda este ano, editado pelo fotógrafo norte-americano David Alan Harvey.
A exposição reúne 32 imagens ambientadas em favelas, quilombos, terreiros, procissões e cemitérios no Rio, Bahia e Minas Gerais. A fotógrafa fala sobre sua busca por um olhar diferente dentro de situações de pobreza e violência - ou, quase sempre, de ambas. “Apesar da violência no dia a dia de várias comunidades, é gratificante conhecer pessoas incríveis que trabalham para equilibrar a brutalidade com atividades como grafite, música, circo para crianças e jovens. E, mesmo diante da violência, do preconceito e das desigualdades econômicas, a cultura afrobrasileira resiste e transcende”, ressalta Maria.
Uma dessas pessoas que cruzaram o caminho de Maria foi Jorge Filho, morador de Acari. “Conheci o Jorginho nas minhas pesquisas para este projeto. Ele é um exemplo de perseverança e empatia. Gari, teve sucesso como lutador de MMA e dá aulas de arte marcial para as crianças da comunidade. Eu o fotografei durante uma reforma no espaço que usa para treinar os jovens. É um guerreiro!”, elogia ela. E aproveita para explicar seu método de trabalho: “Abordo as imagens a partir de uma perspectiva de Belas Artes - não com a intenção de minimizar a força da realidade, mas querendo aumentar seu valor trazendo à superfície a força interior do subjetivo”.
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SERVIÇO
Kilombo
Centro Cultural Justiça Federal (Av. Rio Branco, 241- Cinelândia; T
el.: 3261-2550). Abertura hoje, às 19h. Ter. a dom., das 12h às 19h.
Entrada franca.
Até 14/10.