Em 1969, Neil Alden Armstrong entrou para a história como o primeiro a colocar o pé num solo fora da Terra. O diretor Damien Chazelle surpreende e apresenta uma visão intimista da trajetória do astronauta em “O primeiro homem”. Muito além do “salto gigantesco para a humanidade” ao pisar na Lua, o filme retrata o que sentiu esse homem antes, durante e depois do triunfo.
Armstrong é representado por Ryan Gosling, um ator sem excessos de estilo, capaz de construir a emoção de uma personalidade que lidava com técnica e precisão, mas enfrentou algo que a ciência não superou: a morte da filha, de 3 anos, vítima de câncer. Claire Foy, como a esposa Janet, fortalece o arco dramático. Atriz que, quando entra a cena, só faz crescer a intensidade. Os dois atores colaboram imensamente para o que Chazelle quer provocar no público: um mergulho nessa dor familiar e, depois, na insegurança da viagem lunar. A aventura espacial dá lugar a uma narrativa lenta e reflexiva sobre os desafios do homem: vida e morte. A viagem à Lua é ousadia científica e ato de coragem já que muitos morreram em testes para que fosse possível. Armstrong perdeu a filha para uma doença e estava bem perto da morte no meio da corrida envolvendo Estados Unidos e União Soviética.
A experiência é sensorial. Nas minúsculas cápsulas lançadas na imensidão do espaço, a câmera treme bem em cima do rosto dos atores e a sonoridade das máquinas é estridente no cubículo, mas da janela, o espaço nos acolhe na sinfonia de mais um trabalho memorável do compositor Justin Hurwitz (parceiro de Chazelle nos premiados “La La Land” e “Whiplash”). Uma história que todos conhecemos, mas só a mente do habilidoso diretor poderia nos levar a uma inédita e comovente imersão.
*Membro da ACCRJ
______________________________
O PRIMEIRO HOMEM : *** (Bom)
Cotações: o Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom